O projeto Gingas Plurais, que busca promover reflexões sobre gênero e diversidade na capoeira, terá uma programação intensa com rodas de diálogos, oficinas e apresentações artísticas neste fim de semana. A programação, que será totalmente online devido à pandemia, será transmitida ao vivo nas plataformas do YouTube, Instagram e Facebook do projeto. Para acompanhar as atividades não é necessária inscrição prévia.
O Gingas Plurais busca a valorização da capoeira como arte, o combate de práticas machistas e a promoção de reflexões sobre a presença ou ausência de mulheres e pessoas LGBTQIA+. A atividade é uma das contempladas pelo Prêmio Jaime Sodré de Patrimônio Cultural da Fundação Gregório de Mattos (FGM), por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc.
Nesta sexta-feira, às 16h30, a programação será aberta com intervenção artística de Alana Oliveira. Em seguida, às 17h, ocorrerá a primeira roda de diálogo do projeto, que terá como tema “Mulher na roda não é para enfeitar: resgate da história de mulheres na Capoeira”. As convidadas serão Jéssica Dias, graduanda de Serviço Social pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), trancista, manicure e integrante do Grupo de Capoeira Angola Mourão (GCAM); e Aurelice Bispo, estudante de História e mestra de capoeira, conhecida como Mestra Dandara.
O objetivo deste momento é trazer à tona a memória de mulheres que protagonizaram a arte da capoeira e promover a equidade de gênero, através do respeito às mulheres e aos seus legados. A roda de diálogo terá tradução para libras e a mediação ficará por conta da poeta Vanessa Coelho, que é slammer, atriz, educadora popular e integrante do Grupo Artístico Coletivo Zeferinas e do Grupo de Capoeira Angola Mourão.
No sábado (6), a programação terá início logo cedo, às 9h30, com oficinas e outras atividades. Às 13h será realizada a roda de diálogo “Eu, tu, nós, todos: o direito de ser e estar na roda”, que terá como convidados a multi-artista baiana Rool Cerqueira, e o professor de capoeira Anderson Gavião, formado pelo Grupo Internacional Oficina da Capoeira.
O terceiro e último diálogo do Gingas Plurais será às 17h, com o tema “Lutando juntxs contra a violência na roda de Capoeira”. A discussão trará a importância de identificar, refletir e coibir práticas de violência nas suas mais variadas formas nas rodas de capoeira. Estarão presentes a artista Aline Gomes, que é professora de teatro e amante da capoeira Angola, e Lygia Fuentes, capoeirista do Grupo de Capoeira Angola Mourão e educadora social na Educação Infantil. A mediação é de Mel Cordeiro. O encerramento acontece às 19h, com uma roda de capoeira e samba.
Reflexões – Uma das produtoras do evento, Mariana dos Santos, contou que cada pauta abordada no Gingas Plurais busca provocar reflexões diversas nos espectadores. “Todas as rodas de diálogo vêm com temas questionadores. Alguns historiadores dizem que só haviam mulheres nas rodas de capoeira na metade ou no final do século XX. Porém, conseguimos provar que haviam outras mulheres presentes na capoeira Angola – os mestres antigos contavam sobre elas. Uma das analogias que faremos é com o filme Madame Satã, uma travesti que defendia sua comunidade através da capoeira”, afirmou.