A partir deste ano, o mês de março será lembrado como aniversário da pandemia no Brasil. Quando começaram a fechar os estabelecimentos e espaços públicos, teve início o isolamento e foi preciso reaprender o significado das distâncias.
Para as mulheres negras, o distanciamento social não é o que se pode chamar de uma novidade. E sempre que é necessário falar sobre esse lugar, que ainda está na base da pirâmide na nossa sociedade, parece repetitivo e cansativo.
Já se sabe que este é o momento ideal para ecoar as vozes de mulheres negras. E talvez você se pergunte, por que agora? A única resposta possível é que ainda existem mulheres negras vivas e elas estão se reconhecendo, escutando umas às outras e não permitirão mais que suas iguais sejam silenciadas novamente. Não sem uma grande revolução!
O projeto Lendo Mulheres Negras nasceu em 2016, como uma pergunta simples a ser respondida: “Quantas autoras negras vocês já leu?”. Desde então, a nascente de ideias nunca mais deixou de fluir. Adriele Regine e Evelyn Sacramento são as fundadoras do projeto e dedicam seu tempo e esforços para conhecemos, estudar e incentivas o trabalho de mulheres negras em diversas áreas, dentro e fora da literatura. O ver “LER” foi ampliado e hoje o LMN fala sobre muitos aspectos da criação e arte produzida pelo seu público alvo e também objetivo de pesquisa.
PODCAST
Diante dessa trajetória, em 2021 o projeto foi contemplado num edital de cultura e colocou o bloco na rua! Está disponível o podcast “E não sou uma mulher?”, que tem como base teórica a emblemática questão levantada por Sojourner Truth durante a Convenção dos Direitos da Mulher em Akron, Ohio, nos Estados Unidos em 1851. Nesta produção foram ouvidas as histórias das referências femininas negras contemporâneas, como: Mariella Santiago, Ventura Profana, Erica Ribeiro, entre outras.
MOSTRA DE ARTES
Para fechar o mês, entre os dias 26 e 28 de março, o projeto realiza a Mostra de Artes “Isso é Arte de Mulher Negra”. O encontro online trará nomes como Ani Ganzala, Silvana Martins, Nildes Sena, Miriam Alves, Emile Lapa e Louise Queiroz para discutir os temas: “AFRO TOPIAS construção de ‘lugares seguros’ e outros futuros possíveis”, “’O FUTURO É ANCESTRAL?’ Conectividade e continuidade entre mulheres negras na diáspora” e “’DEIXA EU BAGUNÇAR VOCÊ’ O amor entre iguais na encruzilhada caleidoscópica”.
Durante a mostra também serão realizadas oficinas ministradas por especialistas, sempre dentro do universo da literatura, escrita e produção literária. Serão trabalhados aspectos da Literatura negra infanto-juvenil e Contos negros, ambas transitando por elementos específicos das narrativas, linguagem e representação dos arquétipos para a construção de histórias de cor.
Além disso, a equipe de curadoria da mostra selecionou seis atividades artísticas desenvolvidas por mulheres negras cis ou trans, nas áreas de dança, músicas, artes cênicas, slam, performances e atividades visuais, para apresentar suas criações dentro da programação da mostra.
O podcast “E não sou uma mulher?” e a mostra “Isso é Arte de Mulher Negra!” fazem parte das atividades do calendário Lendo Mulheres Negras, Projeto contemplado pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, com recursos oriundo da Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.