Apesar da obesidade sempre ter sido associada às doenças do coração, a gordura corporal também está associada a pelo menos 13 tipos de câncer. De acordo com uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), metade das pessoas ouvidas não faz exercício físico e uma em cada quatro não vê a obesidade como problema relacionado ao câncer. Que a alimentação saudável auxilia no fortalecimento do sistema imunológico, muitos sabem, mas um dos maiores desafios para os especialistas tem sido fazer com que as pessoas se conscientizem da importância da alimentação adequada na prevenção do câncer, um dos principais problemas de saúde pública no Brasil e no mundo. “Cerca de 30% dos casos de câncer podem ser prevenidos com alimentação adequada, atividade física e peso saudável”, explica a oncologista Clarissa Mathias, do NOB Oncoclínicas.
Em 2021, segundo estimativa do INCA, a Bahia terá mais de 32 mil novos casos de câncer, sendo que 7.860 destes serão registrados em Salvador. O tabagismo e a alimentação, de acordo com o Instituto, são as duas principais causas evitáveis do câncer.
Dentre os tipos de tumor que estão associados a alimentação inadequada, estão os de esôfago, estômago, câncer de mama, cólon e reto, fígado, vesícula biliar, pâncreas, colo de útero, ovário, rim, tireoide, próstata e mieloma múltiplo.
Segundo recomendação da American Cancer Society, é importante comer pelo menos cinco porções de frutas e verduras diariamente e comer a quantidade certa de alimentos para manter um peso saudável. “É fundamental variar nas cores e nos ingredientes durante as refeições, ingerir um pouco de cada grupo alimentar, consumir cinco porções diárias de frutas, legumes e verduras e evitar o consumo de carnes processadas e salgadas”, explica a nutricionista Tatiane Sousa, da equipe do NOB – Oncoclínicas.
Vale lembrar ainda que as evidências científicas apresentadas na última década têm relacionado dietas baseadas no consumo de açúcar, gorduras saturadas e gorduras trans e alimentos ultraprocessados com o favorecimento dos índices de câncer de várias formas. A exemplo disso, as mais recentes análises do Fundo Global de Pesquisa sobre o Câncer (WCRF) e do Instituto Americano de Pesquisa para o Câncer (AICR) indicam que a ingestão de fast food e alimentos com alto teor de sódio e açúcar estão aumentando em todo o mundo, levando ao crescimento global de sobrepeso e obesidade e, consequentemente, a mais casos de câncer.
No caso do câncer de mama, o mais incidente entre toda a população global, recentes estudos demonstram que diferentes componentes dos alimentos, bem como uma boa qualidade alimentar, sendo fontes de vitaminas, minerais e compostos bioativos, podem ter relação direta na saúde celular, podendo influenciar no não aparecimento da doença, agindo como fatores de proteção.
De acordo com a oncologista Clarissa Mathias, o excesso de peso provoca um processo de inflamação crônica que, por sua vez, eleva a produção de hormônios que podem danificar as células saudáveis e desencadear o surgimento de tumores malignos.
“Alimentos de origem vegetal como hortaliças, frutas, cereais e grãos integrais devem fazer parte da alimentação diária”, recomenda Tatiane Sousa. Por outro lado, o consumo de sal, gordura, alimentos com conservantes e industrializados, carnes vermelhas, frituras e carnes processadas deve ser limitado.
De acordo com o INCA, o ideal é optar por mais alimentos in natura ou minimamente processados, retirar o saleiro da mesa e temperar a comida com ervas naturais, como manjericão, orégano e coentro, para diminuir o sal na alimentação. O sal é essencial na dieta, mas deve ser consumido em pequenas quantidades, em excesso pode causar câncer gástrico. A Organização Mundial da Saúde (OMS) orienta que o consumo de sal seja inferior a cinco gramas por dia.
O último relatório do Fundo Mundial de Pesquisa do Câncer e do Instituto Americano de Pesquisa do Câncer destaca a importância de uma dieta saudável na prevenção do câncer de forma global. Veja as principais orientações do documento que é baseado nas evidências listadas pela Universidade da Califórnia, em São Francisco, nos Estados Unidos:
● Mantenha o peso adequado;
● Siga fisicamente ativo;
● Consuma uma dieta rica em vegetais (frutas, verduras, leguminosas, grãos integrais);
● Limite o consumo de fast food e alimentos processados ricos em gordura, amido e açúcar;
● Modere na carne vermelha e processada;
● Reduza a ingestão de bebidas açucaradas;
● Diminua o consumo de bebida alcoólica;
● Para as mães: amamentem seus bebês;
● Não fume;
● Evite exposição solar em excesso.
Também para ajudar a população em geral e os pacientes oncológicos a adotarem hábitos de vida mais saudáveis, o Grupo Oncoclínicas disponibiliza um guia completo com dicas para uma dieta balanceada com muitas cores e sabores, ideias simples para a prática de atividades físicas e outras informações para vivermos mais e melhor. O material está disponível no: www.grupooncoclinicas.com/