O PT de Salvador realiza nesta sexta-feira (23), às 18h30, o Ato de Desagravo a José Sérgio Gabrielli e em Apoio a Deyvid Bacelar. O evento será via Zoom, aberto à imprensa, e contará com a presença de parlamentares, dirigentes sindicais e partidários e militância, além dos homenageados e seus familiares.
O objetivo é chamar à atenção para a perseguição política do Governo Bolsonaro contra quem trabalhou pela soberania nacional e promoveu um desenvolvimento econômico inédito do Brasil com a descoberta do pré-sal; e contra quem denuncia o seu plano de privatizações do Sistema Petrobrás. José Sérgio Gabrielli e Deyvid Bacelar são dois expoentes na luta pela autonomia da Petrobrás e desenvolvimento econômico do País tão ameaçados pelo atual governo e seus interesses neoliberais.
O ato nacional é uma resposta do Partido dos Trabalhadores aos últimos acontecimentos contra as duas lideranças: a inclusão do ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, entre os condenados no processo de aquisição da Refinaria Pasadena pelo Tribunal de Contas da União (TCU); e a perseguição ao líder sindicalista e coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, além da coação dos trabalhadores da Refinaria Landulfo Alves (RLAM), pelo gerente geral Grey de Campos Zonzini, por denunciar as irregularidades no processo de privatização da primeira refinaria da Petrobrás.
Para o presidente do PT de Salvador, Ademário Costa, as duas situações são gravíssimas e tentam silenciar os “heróis” da luta contra as privatizações e o desmonte do Estado brasileiro. “Há um interesse internacional com as privatizações da Petrobrás e outras no Brasil e criminalizar quem trabalhou pela independência da estatal e do País e perseguir quem denuncia isso faz parte do plano do Governo de Bolsonaro. E é isso que está acontecendo com Gabrielli e Bacelar. Por isso, o PT de Salvador está promovendo este ato, porque não iremos nos calar diante desse governo que pretende sucatear o Brasil”, explicou o dirigente.
Além de Gabrielli e Bacelar, o ato contará com as presenças da vereadora Marta Rodrigues, Maria Mariguella, Tiago Ferreira e Luis Carlos Suica, os deputados estaduais Fatima Nunes, Marcelino Galo, Rosemberg Pinto, Jacó, Bira Coroa e Osni Cardoso, os deputados federais Lídice da Mata (PSB), Afonso Florence, Jorge Solla, Joseildo Ramos, Nelson Pelegrino e Josias Gomes, o senador Jaques Wagner, o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffman, e o presidente do PT Bahia, Éden Valadares, além de amigos e familiares dos homenageados e outras lideranças.
Governo Bolsonaro: Privatização e perseguição
As acusações contra José Sérgio Gabrielli e a perseguição a Dayvid Bacelar fazem parte das ações do Governo Bolsonaro para estabelecer o seu calendário de privatizações no Brasil, especialmente do Sistema Petrobrás. O calendário já foi divulgado oficialmente e tem como objetivo reduzir em 28% o número de estatais federais, passando de 46 para 33 companhias.
Segundo dados do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), da Secretaria Especial do Ministério da Economia, responsável por coordenar as privatizações, o Presidente Jair Bolsonaro pretende vender 11 empresas federais, incluindo os Correios, a Eletrobras, Porto de Santos e PPSA (estatal do pré-sal), empresas consideradas “joias da coroa” pelo alto interesse público e valores envolvidos.
Neste cenário, tanto a criminalização no processo de compra da Refinaria Pasadena, em 2006, no Texas, Estados Unidos, sob a gestão do então presidente José Sérgio Gabrielli, como dos protestos contra as irregularidades na venda da Refinaria Landulfo Alves (RLAM), em São Francisco do Conde, pelo movimento sindical petroleiro da Bahia, fazem parte da consolidação desse plano de privatizações do Governo Bolsonaro.
Pasadena: Ascensão da Petrobrás
A compra da Refinaria de Pasadena foi uma das mais relevantes aquisições da Petrobrás das últimas décadas. Sob gestão de José Sérgio Gabrielli (2005-2012), a ação fortaleceu a produção do petróleo brasileiro, assim como a autonomia e representatividade da estatal no mercado mundial de combustíveis.
Mas, refinar petróleo brasileiro em solo estadunidense, descobrir o pré-sal e ascender como grande ator no cenário internacional durante governos do PT, fez do Brasil uma ameaça iminente aos interesses da maior potência do mundo.
Para combater essa realidade, os Estados Unidos iniciaram uma ação de espionagem, por parte de agências de inteligência, da Petrobrás, dirigentes e até da ex-presidenta Dilma Rousseff. A operação ficou conhecida através dos vazamentos do Wikileaks e Edward Snowden.
Anos depois da aquisição da Pasadena, um processo de criminalização, baseado em interesses políticos e econômicos estrangeiros, teve início contra Gabrielli e Dilma Rousseff. Na época, o próprio TCU foi favorável a excluir o nome de Sérgio Gabrielli da lista de investigados por irregularidades.
Na última semana, dia 14, esse ataque teve mais um episódio. O Tribunal de Contas da União (TCU) responsabilizou Gabrielli e outras seis pessoas por um suposto prejuízo aos cofres da Petrobrás na compra da refinaria, aplicando uma multa de U$S 453 milhões ao ex-presidente da estatal.
Privatização do Sistema Petrobrás – RLAM
A privatização da RLAM faz parte dessa grande engrenagem para consolidar um processo de privatização de uma das maiores estatais do Brasil. A RLAM é a primeira de um total de oito refinarias colocadas à venda pela Petrobrás. Foi vendida por 50% abaixo do seu valor real, cerca de R$ 8,87 bilhões a menos, totalizando US$ 1,65 bilhão pagos pelo fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes.
A venda é considerada um crime contra o patrimônio nacional e o povo brasileiro, colocando parte considerável do mercado de combustíveis do Nordeste nas mãos do capitalismo estrangeiro, gerando monopólio privado e aumento dos preços dos combustíveis no Brasil.
Contra a privatização, o movimento sindical petroleiro reagiu, denunciando as irregularidades da venda, o que resultou em perseguição aos trabalhadores/as e ao líder sindical Deyvid Bacelar pela direção da RLAM. A atitude antissindical por parte do gerente geral da Refinaria Landulpho Alves é uma ação clara para intimidar a categoria petroleira, punindo a sua principal liderança, e atingir as entidades sindicais para enfraquecer e desmobilizar a luta contra a privatização do Sistema Petrobrás.