Na espécie de “pré-campanha” pela vaga do decano Marco Aurélio Mello, que deixará o Supremo Tribunal Federal em julho, o atual advogado geral da União e ex-ministro da Justiça, André Mendonça, está na dianteira no quesito pré-estabelecido pelo presidente Jair Bolsonaro – indicar para a corte um ministro “terrivelmente evangélico”. No entanto, como a indicação também depende da capacidade do candidato angariar apoios no meio jurídico, pesa contra Mendonça o vínculo umbilical com o titular do Planalto e o excessivo atrelamento à sua defesa – incluindo a tentativa de utilização da Lei de Segurança Nacional contra adversários políticos de Bolsonaro.
Na Corte, Mendonça conta com apoiadores de peso, como o ministro Toffoli, interlocutor do Planalto, mas com críticos poderosos, como Gilmar Mendes, que não o poupou no último embate público, no julgamento do recurso que pedia a abertura de templos durante a fase emergencial da pandemia. Gilmar lembrou a Mendonça que, como ministro da Justiça, deveria ter agido para colaborar com o esforço para conter a propagação do vírus.
Cresce o nome de Humberto Martins, presidente do STJ, para a vaga de Mello, que também atende ao quesito religioso. O magistrado é membro da Igreja Adventista do Sétimo Dia e vem angariando apoios importantes no Legislativo. A escolha daria ao presidente uma espécie de bônus: Bolsonaro faria também uma indicação para o eventual substituto de Martins no STJ.
Estão ainda na disputa por uma das 11 cadeiras da suprema corte brasileira o procurador geral da República, Augusto Aras, além de Willian Douglas, desembargador do TRF2. Consta que Bolsonaro sonha com a possibilidade de, uma vez conquistando um segundo mandato na presidência, indicar mais dois nomes para o STF, em substituição a Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, com aposentadoria prevista para o início de 2023.
R7