A pandemia de Covid-19 impactou severamente o setor de saúde, que foi forçado a se adaptar para continuar atendendo a sociedade com segurança e qualidade. A assistência de Cuidados Paliativos também foi impactada, demandando uma maior capacidade de inovação por parte dos profissionais, que precisaram adotar novas técnicas e ferramentas, em meio a novos protocolos de segurança. Além disso, esse cuidado passou a ter um outro olhar, diante dos quadros graves de Covid-19, onde se faz necessário levar alívio e conforto a um paciente isolado e perecendo de sofrimentos que envolvem desde a doença até a incerteza sobre sua recuperação.
Para a médica Madalice Lima Carvalho, cirurgiã geral, com experiência em oncológica e paliativista, da S.O.S. Vida de Aracaju, momentos de crises humanitárias, como a pandemia que levou ao colapso dos sistemas de saúde pode gerar sobrecarga para os profissionais em “salvar vidas”. Isso muitas vezes retira o foco das vítimas que estão em unidades hospitalares, em sofrimento por estarem sozinhos, confusos, ansiosos e tristes em não poderem estar com os seus, nem de saber seu real estado de saúde, se sairão vivos daquela situação, ou com algum tipo de sequela.
“O sofrimento vivenciado por doentes afetados pelo Covid-19, está em diversas esferas – física, social, emocional e espiritual -, e elas não estão dissociadas, mas inter-relacionadas”, pontua.
Outro grande dificultador trazido pela pandemia, é a saturação dos leitos na rede hospitalar. Nesse cenário, os Cuidados Paliativos, aliados com o home care, permitem a prestação da assistência no domicílio, favorecendo o controle dos sintomas que levam ao sofrimento do doente e de sua família, em um ambiente mais acolhedor. A prestação da assistência é realizada seguindo protocolos rígidos de segurança.
“O uso adequado de EPI´s pela equipe multidisciplinar, bem como a vigilância e monitoramento diário de qualquer novo sintoma pela equipe da base garante o êxito no cuidado”, completa a médica.
A coordenadora médica da unidade baiana da S.O.S. Vida, Ana Rosa Humia destaca que os serviços de saúde, que se encontram sobrecarregados por conta da grande demanda, também podem se beneficiar com a oferta de Cuidados Paliativos em home care, uma vez que estes são igualmente importantes na assistência, e sua ausência implica em falhas e dilemas éticos graves.
“Estes serviços, porém, devem instituir protocolos com escores bem definidos, baseados em critérios técnicos e humanitários, para definir quando se tornam uma opção viável para assegurar cuidado de qualidade, assegurando dignidade e o conforto diante de uma doença que ameaça a vida. A S.O.S. Vida, além dos seus protocolos e procedimentos clínicos elaborou um protocolo específico para a assistência domiciliar de pacientes com Covid-19, baseado nas informações técnicas e científicas das sociedades brasileiras de especialidades médicas. Ele abrange todo o cuidado do paciente, quanto a ações preventivas, tratamento, reabilitação e Cuidados Paliativos”, relata.
TECNOLOGIA E ESTRATÉGIAS
No cenário pandêmico, o tratamento em domicílio, que já apresentava vantagens como diminuição do risco de infecções, proximidade da família e o conforto de estar em casa, soma importantes possibilidades, como desocupação de leitos hospitalares e redução de riscos de contágio.
Diante da pandemia, o home care teve que criar novas soluções para aumentar a segurança biológica, visto que o tratamento exige uma equipe multiprofissional para o atendimento personalizado adequado e manejo eficiente das terapêuticas de controle de sintomas.
Ana Rosa conta que a S.O.S. Vida criou um comitê de crise de Covid-19, que se reúne semanalmente, e elaborou um Plano de contingência que é atualizado mensalmente seguindo recomendações técnicas e do Ministério da Saúde.
“Com a pandemia, os principais desafios estão relacionados a adoção de medidas preventivas eficazes para garantir a segurança do paciente e dos profissionais que o assistem. Outro desafio é planejar treinamento e capacitação dos profissionais, neste momento, com reuniões virtuais. Uma das maneiras de garantir isto de forma segura e eficaz foi a elaboração de um mapa de criticidade, que representa o farol e o gatilho para o desenvolvimento de planos de ações que ajudem no controle das situações consideradas de risco”, detalha.
O uso da tecnologia tem sido um recurso importante. Ana Rosa salienta que uma boa parte dos pacientes no home care, em especial em Cuidados Paliativos, possui um quadro de saúde fragilizado. Assim, a assistência segue protocolos robustos de cuidados e segurança.
“Por conta da pandemia algumas rotinas precisaram ser implementadas, alteradas ou intensificadas com objetivo de conter a propagação do contágio. A exemplo da ampliação do monitoramento por telefone e da avaliação médica via telemonitoramento, que permitiu a redução de visitas físicas sem prejuízos para o acompanhamento”, conta.
Madalice ressalta que a telemedicina já retrata uma realidade na área de saúde, mais experimentada em diversos setores, inclusive no contexto do home care.
“Com a experiência alcançada ao longo do curso da pandemia, o retorno presencial gradativo e seguro, tanto para os pacientes e familiares quanto para a equipe foi possível”, acrescenta.
Como a atenção domiciliar envolve também a família no tratamento, a S.O.S Vida inseriu em suas ações a realização de diversas ações educativas e de conscientização junto a elas.
“Também criamos um programa de aconselhamento psicológico, voltado para pacientes e familiares infectados pelo novo coronavírus”, diz Ana Rosa.
Outro aspecto importante é o cuidado com a equipe. A empresa adotou uma série de medidas para garantir a segurança de seus profissionais, tanto nas atividades administrativas, quanto nos atendimentos assistenciais.
A ESSÊNCIA DO CUIDADO
Os Cuidados Paliativos, como conceito, introduzido por volta de 1960 por Cicely Saunders, no Reino Unido, revelava o cuidado da pessoa com doença incurável e em terminalidade de vida, inicialmente aplicado somente para pacientes com diagnóstico de câncer, o que foi revisto e ampliado ao longo do tempo, para outras doenças como cardiopatias, nefropatias, AIDS, doenças neurológicas e degenerativas.
Segundo a médica Madalice, hoje os Cuidados Paliativos são compreendidos como uma abordagem transversal a todas as etapas do cuidado ao doente, não estando apenas ligados a processos de terminalidade de vida, e representam uma abordagem para melhoria da qualidade de vida de pacientes e familiares que enfrentam uma doença ameaçadora de vida, através da prevenção e do alívio do sofrimento, identificação precoce e impecável avaliação e tratamento da dor e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais, como conceitua a OMS.
“Verificamos que, quando este cuidado é oferecido na casa do doente, um cenário, na sua grande maioria, mais acolhedor, e naturalmente relacionado à sua história, se torna medida fundamental de maior valorização desta dignidade já assegurada em Lei. A experiência demonstra que, uma vez em casa, ao lado dos familiares, amigos e até animais de estimação, a sensação de conforto e acolhimento vivenciada pelo paciente se mostra mais evidente”, sublinha a médica.
Para a médica Ana Rosa, todos os serviços que cuidam de pacientes com doença progressiva e ameaçadora de vida, fora de possibilidade terapêutica de cura, têm responsabilidade de proporcionar adequados Cuidados Paliativos, e devem assentar numa resposta efetiva às necessidades dos doentes e da família. Para ela, o home care, além de assegurar que estes cuidados possam ser realizados em domicílio, através de uma equipe multiprofissional com formação focada, pode proporcionar condições diferenciadas e específicas, seja empoderando o paciente e família, proporcionando mais autonomia e privacidade ao paciente ou envolvendo familiares na tomada de decisões sobre o tratamento e aumentando o vínculo.
“A assistência deve seguir um plano de cuidados elaborado por essa equipe e compartilhado com paciente e seus familiares, e deve ser iniciado o mais precocemente possível, acompanhando o paciente e família durante toda a evolução da doença, incluindo o processo de morte e luto. Os Cuidados Paliativos em ambiente domiciliar proporcionam ao paciente uma sobrevida com menos sofrimento e com melhor qualidade de vida na própria residência, evitando os procedimentos invasivos comuns no ambiente hospitalar, que não modificarão a evolução da doença. Oferecer um sistema de cuidado que auxilie o paciente a viver tão ativamente quanto possível até sua morte é a primícia desse serviço, que oferece ainda suporte e orientação permanente aos familiares e cuidadores”, completa.
CERTIFICAÇÃO INTERNACIONAL
S.O.S. Vida é a única empresa de home care da América Latina a possuir um programa de Cuidados Paliativos certificado pela Joint Commission Intenational (JCI), que é considerada uma das mais rigorosas instituições certificadoras na área da saúde em todo mundo. A certificação da JCI atesta que o programa oferece um nível de excelência de atendimento seguindo padrões internacionais.