Uma câmera de segurança registrou parte do acidente que matou o soldado do Exército Hendel Andrade da Silva, de 23 anos, na manhã desta quarta-feira (13). O caso aconteceu no túnel Teodoro Sampaio, que fica na Avenida Centenário, na Barra, em Salvador.
Ainda não há detalhes sobre o que provocou o acidente e as circunstâncias serão apuradas pela Polícia Civil.
As imagens registradas mostram o momento em que a motocicleta bate na parede lateral do túnel e em seguida desliza na pista. Quando aparece fora do túnel, o veículo já está sozinho, sem Hendel no comando.
O acidente aconteceu antes das 5h e o corpo da vítima só foi removido do local mais de três horas depois, o que deixou a pista parcialmente interditada. A família da vítima se queixou da demora na retirada.
“Cheguei aqui e vi meu filho caído no asfalto e até um momento desse [por volta das 8h20], meu filho está ali. O [Instituto Médico Legal] Nina [Rodrigues] não veio pegar e eu não sei a quem recorrer isso. A gente já foi na delegacia, já deu depoimento. O sistema caiu na delegacia, mandaram a gente na Central de Flagrantes e estamos aqui aguardando. Como é que o mundo é assim?”, questionou o pai de Hendel, Antônio da Silva, de 64 anos.
“A gente paga tantos impostos, a gente vive a vida correndo atrás das coisas, e em um momento desses, que a gente precisa, a gente fica a ver navios”, queixou-se o idoso.
Antônio contou que estava em casa, quando ficou sabendo do acidente que matou o filho. Ele conta que foi avisado por uma amiga de Hendel.
“Fiquei sabendo através de uma amiguinha dele, que saía muito com ele, a vizinha. Os cachorros começaram a latir, aí eu levantei e senti a voz de alguém. Ela mora por aqui, e quando eu olhei estava a menina e um rapaz. Ela falou: ‘O senhor é o pai de Hendel? Teve um acidente’. Aí eu falei: ‘Vou lá ver ele agora’. Eu me arrumei e me preparei psicologicamente, escovei os dentes e vim até aqui”, narrou ele.https://d0d78952436c7a788a64576796fd7623.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
O irmão mais velho de Hendel, Heder Andrade, também falou sobre a espera e a burocracia para remoção do corpo.
“A gente está aqui, passando por uma burocracia na questão do rabecão. Eu estive na 1ª [delegacia] para solicitar o rabecão e é duro a gente ter que passar por tudo isso, além de acompanhar toda essa fatalidade”.
‘Vai estar sempre comigo’
Família se emociona ao falar de soldado do Exército morto em acidente de moto em Salvador
Hendel era o caçula de cinco irmãos. Apesar de os pais serem separados, Heder conta que a família era muito unida. Ele disse que estava dormindo quando recebeu a notícia da morte do irmão mais novo.
“Eu acredito muito em Deus e ele quem me fortalece todo esse tempo. Eu vejo que eu não perdi Hendel, porque ele vai estar sempre comigo. E acordar com uma notícia dessas… Eu vejo todo dia esse tipo de notícia, só que a gente nunca imagina que vai passar por isso. Nesse momento, minha maior preocupação é minha mãe”, ponderou Heder.
Ele foi enfático em dizer que o irmão era “uma pessoa especial”, com quem mantinha ótima relação.
“Ele sempre homenageou toda a família. Ele colocou uma tatuagem na mão em minha homenagem, ele colocou na mão ‘1985’, que é o ano que eu nasci. Minha irmã, ele colocou o nome dela. Minha mãe ele também homenageou”.
Além de ser soldado do Exército, e trabalhar no 6º Batalhão de Polícia do Exército (BPE), o jovem também era empreendedor.
“Era um cara forte, um cara com uma mente de empreendedor. A família da gente é de empreendedores, a gente está sempre fazendo alguma coisa. Ele sempre bolava ideias novas. ‘Vou abrir uma hamburgueria’, ele fez isso sozinho, era obstinado, um cara inteligentíssimo”.
A moto que ele pilotava no momento acidente havia sido comprada há um ano. Heder conta que sempre alertou o irmão para o risco de batidas. “A gente conversava bastante. Na semana passada, eu estava falando com ele a respeito disso, dos riscos, desses acidentes, que a gente acompanha”.
Ainda não há informações sobre o sepultamento de Hendel, porque o corpo precisará ser periciado pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). A família informou que ainda não sabe em que cemitério fará o enterro.
G1