A chegada da variante Ômicron do novo coronavírus ao Rio de Janeiro e seu rápido contágio entre a população nesses primeiros dias do ano, levaram a um aumento exponencial na procura por testes diagnósticos para a covid-19, tanto na rede pública quanto na particular.
Na rede municipal, segundo os painéis da prefeitura, a positividade dos testes passou de 1% nas primeiras semanas de dezembro para 44% na primeira semana do ano. A quantidade de testes feitos na cidade também apresentou um salto, de menos de 5 mil no meio de dezembro para mais de 60 mil na semana passada.
A maioria dos testes feitos na capital é do tipo antígeno, que foram distribuídos pelo Ministério da Saúde em novembro e dezembro. Ele fica pronto em 15 minutos e detecta a presença da infecção ativa. Porém, o antígeno é menos sensível que o RT-PCR e pode dar falso-negativo em casos assintomáticos.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), de janeiro a dezembro de 2021 foram feitos 1.388.005 testes RT-PCR para detecção da covid-19 na rede SUS em todo o estado, com taxa média de positividade durante todo o ano de 27,60%.
“A positividade foi de 37% em março, maior índice registrado no ano passado, para 1,4% em dezembro. A partir da semana epidemiológica 52 (de 26 de dezembro de 2021 a 1 de janeiro de 2022), houve aumento na taxa de positividade, que chegou a 10%. Na quarta-feira (5), esse índice atingiu 20%”, informou a SES.
Os dados do estado registram o aumento de casos da covid-19. Se entre os dias 12 e 18 de dezembro o estado confirmou cerca de 300 casos da doença, na última semana de 2021 o número saltou para 8.250 e na primeira semana de janeiro foi a 24.568. A capital não registrou nenhum óbito por covid-19 em 2022, enquanto o estado teve 14 mortes na primeira semana.
Dificuldades
Mesmo com a abertura de nove postos de testagem para pessoas com sintomas leves ou que tiveram contato com casos positivos, conseguir atendimento na rede da Secretaria de Saúde tem sido difícil. O sistema de agendamento online começou a funcionar no domingo (9) e oferece vagas para os dois dias seguintes.
A Agência Brasil tentou agendar o teste pelo site da secretaria. Antes das 8h30 da manhã de hoje (12), os postos de testagem da Tijuca, Bangu, Jacarepaguá, Penha, Marechal Hermes, Célio de Barros e Iaserj Maracanã estavam esgotados para todos os dias. Em Nova Iguaçu e Campo Grande havia poucas vagas, apenas para o dia 14.
De acordo com a SES, a partir de hoje foi ampliada a oferta dos testes nesses nove centros, com um total de 3 mil vagas por dia. Para marcar o exame, os interessados devem acessar o site da Secretaria de Saúde. A marcação é pessoal e intransferível, sendo necessário apresentar um documento oficial com foto para fazer o exame.
A secretaria informou que nos meses de novembro e dezembro de 2021, o estado recebeu do Ministério da Saúde mais de 1,1 milhão de testes de antígeno, que estão à disposição dos municípios, e que já foi solicitado o envio de mais 2,1 milhões de testes. Segundo a secretaria, a responsabilidade de disponibilizar os testes nas unidades básicas de saúde é do gestor municipal, com o órgão estadual atuando de forma complementar.
Já para os testes de RT-PCR, os kits de coleta são retirados pelos municípios no Laboratório Central Noel Nutels (Lacen-RJ) conforme as amostras entregues para análise. De acordo com a Secretaria de Saúde, o Lacen-RJ está sobrecarregado com o aumento da procura por testes.
“Na semana de 27/12 a 03/01 foram processados 5.454 testes PCR para Covid-19 pelo Lacen-RJ. Na semana de 04/01 a 10/01, foram 7.110 testes, acima da capacidade do laboratório, que é de 7 mil exames por semana”, informou a secretaria.
Na capital, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que tem percebido um aumento expressivo na procura por atendimento e testagem nas unidades de saúde da cidade, mas que tem conseguido atender a todos, por ordem de chegada. Relatos de pacientes dão conta de que a espera tem sido de pelo menos uma hora.
“Diariamente, cerca de 41 mil testes estão sendo feitos no município do Rio de Janeiro. Apesar da grande demanda, todos os pacientes estão sendo atendidos”, informou a Secretaria Municipal de Saúde.
Baixada Fluminense
Na Baixada Fluminense, a diarista Euciléia de Lima Souza Susarte também enfrentou demora no atendimento para fazer o teste no Centro de Tratamento de Hipertensão e Diabetes (Cethid), em Queimados. O marido dela, Samuel, começou a sentir dores no corpo no domingo (9) e apresentou aumento dos sintomas na segunda-feira (10), com dor de garganta, e piorou na terça-feira (11), quando os dois resolveram fazer o teste.
“Na terça ele começou com coriza, aí chegando no posto cedo tava muito lotado, chovia e ele está debilitado, então fomos pra casa e resolvemos ir de tarde. Mas continuava cheio, voltamos no fim da tarde e continuava muito cheio, então voltamos pra casa de novo sem atendimento”, relatou.
Depois de tentar fazer o exame em um laboratório particular, mas que também estava com demora para o agendamento, hoje pela manhã Euciléia e Samuel conseguiram fazer o teste RT-PCR no Cethid.
“Hoje fomos bem cedo e pegamos as senhas número 45 e 46. Ficamos duas horas na fila, no sol, para ser atendidos. Menos mal que a chuva parou. Samuel está com sintomas, então ficou mais inquieto, se sentindo mal. O exame mesmo é bem rápido, não fiquei nem um minuto sentada na cadeira. Mas só tinha uma pessoa atendendo e está muito cheio, para quem está passando mal, o tempo de espera é muito grande”.
A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Queimados para obter informações sobre os testes feitos na cidade, mas ainda não teve retorno.
Agência Brasil