A Coordenadoria de Salvamento Marítimo (Salvamar) registrou, nas três primeiras semanas do ano, 126 resgates de afogamentos. Nesse período, os salva-vidas também recuperaram 15 crianças perdidas nas regiões praianas e realizaram 600 ações de prevenção.
Prestando um serviço essencial para a cidade, os 240 agentes têm como missão proteger e orientar os banhistas e frequentadores das praias de Salvador. Os profissionais atuam em 35 postos, espalhados nos 28 quilômetros de orla, desde a Praia de Jardim de Alah até a Praia de Ipitanga.
Com uma estrutura composta por moto aquática, pranchões, pés-de-pato, máscaras de mergulho, respiradores, capacetes e botes, os salva-vidas também realizam medidas preventivas, educacionais, de orientação e de salvamento em ambientes aquáticos, evitando afogamentos e preservando a vida de quem estiver em perigo. O grupamento conta ainda com quatro postos móveis, atuando diariamente, além de servir de apoio para eventos do município. Os profissionais estão preparados para o pronto atendimento aos banhistas, ou para alertar sobre os riscos provocados por animais, como águas-vivas.
O coordenador da Salvamar, Alysson Carvalho, destacou o trabalho realizado pelos agentes de salvamento marítimo. “A nossa missão é salvar pessoas. Durante a ocorrência, é dever entrar no mar. Os salva-vidas são heróis da vida real”, defende.
Segundo Carvalho, as praias soteropolitanas são um dos principais atrativos turísticos da cidade e precisam estar preparadas para atender a alta demanda de banhistas, principalmente na alta estação. “A primeira coisa que o turista quer, na maioria das vezes, é conhecer Pelourinho e as praias da cidade. As águas termais e as belezas naturais da Baía de Todos-os-Santos colocam as praias de Salvador entre as mais desejadas do Nordeste. É preciso dar segurança, que possa garantir aos turistas e soteropolitanos o momento de lazer e diversão.”
Rotina – Trabalhando há 13 anos no ramo, o salva-vidas Jader São Pedro fala com emoção sobre as experiências vividas nas praias da capital baiana. “São muitas histórias vividas, mas a do menino Davi, de 10 anos, marca minha vida profissional, porque traz um contexto social muito forte. Ele estava nadando contra a corrente marítima e entramos no mar, antes de iniciar o afogamento. Logo ele perdeu as forças e sumiu, mas ainda assim conseguimos resgatá-lo inconsciente. Quando ele voltou, contou que não tinha se alimentado durante o dia todo e que estava na praia ajudando a tia trabalhar. Então ele sentou conosco no posto e comeu todo nosso lanche”, relembra.
Jader destaca a rotina intensa de operação e treinos, mas diz que a satisfação do trabalho é compensatória. “É gratificante. Nós chegamos cedo na sede, realizamos atividades físicas, pegamos nosso material, carregamos as viaturas e seguimos para as praias. É uma rotina pesada, por mais que não tenha salvamento ativo no dia. Trabalhando apenas com a prevenção, o salitre e o mormaço, de oito a dez horas na praia, é desgastante. No verão, o ritmo é ainda mais acelerado, mas vale muito a pena”, diz.
Orgulhoso, o salva-vidas conta que nunca perdeu uma vítima nas águas de Salvador. “Prevenindo, a gente salva várias vidas, o que não é contabilizado. Infelizmente, quando uma vítima é perdida, o peso é imenso, a gente sabe que por trás de cada vida que se foi existe a dor de uma família. Não é que eu seja um super-herói, sei que um dia pode acontecer (perder uma vítima), mas no que depender do meu trabalho e da minha dedicação, não vai acontecer”, afirmou São Pedro.
Com menos experiência, mas com muita vontade, a salva-vidas Renata Oliveira completa um ano de serviço em março próximo. Ela destaca a alegria de exercer a profissão. “É uma realização, por isso está sendo uma experiência incrível. Nado desde criança e sonhava em ganhar minha vida com algo relacionado à natação. Estar na Salvamar, nadando e salvando vidas, me realiza e me emociona. Acredito que é uma missão, algo que já estava predestinado. Como mulher, sou minoria, mas sei que exerço o meu papel profissional da forma correta. É um desafio diário, mas vale a pena”, garante.
Fotos: Bruno Concha/Secom