A Alemanha registrou neste sábado (15) um novo recorde na taxa de incidência de Covid-19 em sete dias: 497,1 infecções a cada 100.000 habitantes. Apesar do alto número, a disseminação da variante ômicron do coronavírus ainda não afeta em grande escala as unidades de terapia intensiva (UTIs), segundo os médicos. Isso provavelmente se deve ao grande número de jovens infectados.
O recorde anterior de incidência havia sido de 485,1 novas infecções a cada 100.000 habitantes, no dia 29 de novembro de 2021. No sábado da semana passada, a incidência era de 335,9.
De acordo com o instituto Robert Koch (RKI), agência governamental para o controle e prevenção de doenças, neste sábado, foram contabilizados 78.022 novos casos de coronavírus – abaixo do recorde de 92.223 casos registrado na sexta-feira.
A Alemanha adota uma política de testagem em larga escala, motivo pelo qual muitos casos são relatados em comparação com outros países. Em muitas cidades, residentes podem fazer até um teste de antígeno por dia gratuitamente.
Além disso, desde segunda-feira, está em vigor a regra 2G plus. Isso significa que apenas pessoas vacinadas com duas doses e com um teste negativo recente podem acessar cafés e restaurantes, por exemplo. Pessoas que já receberam o reforço estão isentas do teste.
Sem superlotamento nas UTIs
Os altos números de casos, porém, ainda não se refletem nas UTIs. “Atualmente, não conseguimos identificar a onda da ômicron nas unidades de terapia intensiva”, disse Gernot Marx, presidente do Registro de Cuidados Intensivos Associação Interdisciplinar Alemã para Terapia Intensiva e Medicina de Emergência (Divi, na sigla em alemão).
“Felizmente, quando se trata de pacientes com Covid-19 [em UTIs], podemos continuar relatando números em declínio”, destaca Marx.
Na quinta-feira, as internações em unidades intensivas por Covid-19 caíram um pouco abaixo da marca de 3.000 pacientes pela primeira vez desde meados de novembro.
Dos 25.171 leitos de UTI na Alemanha, 2.872 estão ocupados por pacientes com Covid-19, sendo que 1.741 com ventilação mecânica. Outros 18.307 leitos estão ocupados por pessoas com outras doença, e 3.992 estão disponíveis.
Na sexta-feira, a taxa de hospitalizações de pessoas com coronavírus chegou a 3,23 a cada 100.000 pessoas nos últimos sete dias.
Marx enfatizou que, atualmente, principalmente pessoas com menos de 35 anos estão sendo infectadas pela ômicron.
“Estes desenvolvem um curso grave da doença com muito menos frequência do que os idosos, por isso ainda não são, ou são apenas ocasionalmente, pacientes em nossas unidades de terapia intensiva”, explicou.
Menos casos graves que a delta
De acordo com Marx, espera-se que, em comparação com a onda da variante delta, na qual cerca de 0,8% de todas as pessoas infectadas tiveram que ser tratadas em terapia intensiva, significativamente menos pacientes com resultado positivo tenham um curso tão grave da doença.
“Se as incidências aumentarem acentuadamente devido à disseminação muito rápida, porém, isso ainda pode ser um problema”, ponderou Marx.
A opinião é compartilhada pelo médico intensivista Christian Karagiannidis, da Divi. “A situação nas enfermarias normais na Alemanha pode se tornar particularmente dramática se o número de casos continuar subindo”, disse.
O especialista Clemens Wendtner alertou que uma quarta dose da vacina contra a covid-19 deve ser planejada rapidamente. “Para mim, uma quarta vacinação quatro a seis meses após a terceira dose seria uma medida adequada”, disse o chefe de infectiologia da Clínica Schwabing, de Munique.
Ao mesmo tempo, porém, ressaltou que, por falta de dados, ainda não há recomendação da Comissão Permanente de Vacinação para um segundo reforço. Muitos defendem que se deve esperar pelas vacinadas adaptadas à proteção contra a ômicron. “Mas temo que demore muito”, disse Wendtner.
Novas vacinas não devem ser esperadas antes de abril.
Na Alemanha, 71,84% das pessoas já recebeu duas doses da vacina contra Covid-19 e 45,48% uma dose de reforço, de acordo com a plataforma Our World in Data, da Universidade de Oxford.
A alta taxa de não vacinados é motivo de preocupação, segundo especialistas. Tobias Kurth, epidemiologista do hospital Charité em Berlim, disse à DW que espera que o aumento de infecções ainda coloque sob pressão sobre as unidades de saúde.
“Esse número deve continuar a subir, com taxas de incidência provavelmente chegando a ficar acima de 1.000 [ a cada 100.000 habitantes]”, disse ele.
“Como muitas pessoas ainda não estão vacinadas, ainda há uma grande chance de que algumas delas, infelizmente, acabem no hospital. Para o sistema de saúde, ainda é uma situação muito alarmante”, afirmou Kurth à DW.
Casos de falsificação de passaportes de vacina
Em quase todos os estados alemães, o número de falsificações de passaportes de vacinação está aumentando. De acordo com um levantamento da agência de notícias epd junto aos ministérios, escritórios estaduais de investigação criminal e autoridades policiais, o número de casos aumentou muito desde o final do ano.
Os casos na Baviera saltaram de 340 em outubro de 2021 para mais de 1.900 em dezembro. Na Renânia do Norte-Vestfália, o número também aumentou de forma constante para mais de 1.200 casos em dezembro.
Acredita-se que haja pelo menos 20.000 casos desse crime em todo o país. No entanto, esse número pode ser muito maior, já que a extensão real do número total de cartões de vacinação falsificados em circulação não pode ser quantificada de forma confiável, disse a polícia de Berlim.
Para tentar conter a disseminação do coronavírus, a partir deste sábado, passam a valer restrições de saídas noturnas a não vacinados em Baden-Württemberg. As regras aplicam-se entre 21h e as 5h para os não vacinados e os que não se recuperaram da doença. Há exceções se houver motivos válidos.
G1