A médica cirurgiã Dra. Thamy Motoki explica o procedimento e como ele afeta de forma positiva a autoestima
É muito comum, principalmente entre crianças e adolescentes em idade escolar, que determinada característica física chame a atenção dos colegas. Em especial se tal ponto for considerado algo muito diferente da tal estética vigente.
E crianças e adolescentes, quando querem, são muito cruéis e praticam o bullying na maior naturalidade, sem nem levar em conta o quanto atingem a autoestima do colega. Uma das características que mais são motivos de gozação são as chamadas orelhas de abano, aquelas que formam um ângulo mais aberto em relação à cabeça.
“Dumbo”, “elefantinho”, “fusca de porta aberta”, são alguns dos sarcásticos apelidos dados a quem tem as orelhas mais abertas. E, claro, quem é alvo desses xingamentos tem todo o emocional e o amor próprio abalados, gerando até traumas e complexos que podem ser levados para o resto da vida.
Mas as tais orelhas de abano podem ser facilmente corrigidas através de uma cirurgia plástica considerada simples. “A Otoplastia é a cirurgia plástica das orelhas e pode ser realizada para diversas finalidades, mas as orelhas proeminentes (popularmente chamadas de orelha de abano) são a principal causa da busca por esse tipo de intervenção. Nesse procedimento o cirurgião plástico realiza uma incisão atrás das orelhas e por lá acessa as cartilagens que serão remodeladas corrigindo, assim, as deformidades existentes”, explica a cirurgiã plástica Thamy Motoki, titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, que realiza atendimentos em São Paulo (SP).
Por ser uma cirurgia relativamente simples, a otoplastia pode ser realizada até mesmo por crianças, corrigindo a posição das orelhas antes mesmo que os pequenos sejam alvo de bullying. Adolescentes e adultos jovens são os que mais buscam esse tipo de intervenção. “Costumo indicar a otoplastia a partir dos 6 anos de idade. Sabemos que nesta fase da vida as cartilagens da orelha já atingiram 80% do seu crescimento. E quanto mais jovem o paciente, é mais fácil de moldar essa cartilagem”, orienta a doutora Thamy.
Para esse tipo de procedimento o paciente não precisa ser internado e, normalmente, recebe alta no mesmo dia da cirurgia. “A otoplastia pode ser realizada em hospital, mas também em clínica, desde que essa possua condições adequadas e liberação dos órgãos competentes para realização de procedimentos cirúrgicos”, alerta a especialista.
Segundo a médica, o ideal é sempre abordar as duas orelhas no mesmo procedimento para que os cuidados pós-operatórios tornem-se mais fáceis e o paciente não fique com assimetrias (uma orelha aberta e outra fechada). “Em adultos costumamos utilizar sedação com anestesia local, um maior conforto. Já em crianças, a melhor opção é a anestesia geral”.
Pós-operatório
Logo após a otoplastia o paciente sai do centro cirúrgico com as orelhas enfaixadas e deve permanecer assim por, pelo menos, 24 horas após o procedimento. “Passado esse período (cerca de 24 horas), no consultório, retiramos esse primeiro curativo e realizamos a higienização, orientando o paciente como deve ser feito em casa. Também é colocada a faixa pós-cirúrgica que deve ser utilizada por 15 dias continuamente e depois por mais 15 dias apenas para dormir”, detalha a cirurgiã plástica.
E a dra. Thamy garante: a otoplastia não é uma intervenção que cause grandes dores após a realização. O que pode ocorrer é um pequeno incômodo na área do corte, mas é facilmente controlado com as medicações analgésicas receitadas pelo médico.
Na maioria dos casos, a cirurgia é definitiva, com a correção das orelhas para sempre e sem necessidade de retoques ou manutenção com o passar do tempo. “Retoques de otoplastia só se aplicam mais em casos de pacientes que possuam as cartilagens muito fortes e de difícil modelagem. Ou então naqueles que não utilizaram a faixa corretamente ou, ainda, que sofreram algum trauma na região após o procedimento. Fora esses raros casos, os resultados são definitivos e não precisam de reabordagens”, alerta Thamy.
Segurança e autoestima
De acordo com a médica, a orelha de abano é uma patologia que atinge cerca de 5% da população geral e esse desalinho acontece, na grande maioria dos casos, devido a fatores genéticos e hereditários. “É comum ter mais de um caso das orelhas de abano na mesma família”, pontua a especialista.
Ainda segundo ela, como o bullying é muito presente hoje em dia em vários ambientes, em especial na escola, a otoplastia gera um alívio na vida da pessoa, que acaba tendo muito mais segurança e liberdade. “Após a cirurgia, quando os pacientes voltam e observam o resultado na frente do espelho é nítida e significativa a mudança na autoestima deles”, diz a Dra. Thamy.