O centenário bambuzal que torna o caminho para o Aeroporto Internacional de Salvador bucólico e acolhedor receberá ações de manejo físico e ambiental. A Prefeitura, através da Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman), deu início à execução de diversas ações que visam preservar a área, que é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como área de proteção cultural e paisagística de Salvador.
A área que contempla os bambus possui 61 mil m² e o corredor que leva até o aeroporto, a Avenida Tenente Frederico Gustavo dos Santos, possui 1,5 km de extensão. De acordo com a Seman foram contabilizados em toda a área 50 mil hastes de diversas espécies de bambuzal.
Legado natural – Com base nos estudos realizados pelos profissionais da pasta, serão executadas ações preventivas para manter os vegetais em boas condições, além de evitar possíveis transtornos aos transeuntes. Está atuando no local uma equipe multidisciplinar composta por engenheiros agrônomos e ambientais, além de biólogos. A execução das ações de manejo físico e ambiental do bambuzal teve início no dia 10 deste mês.
O titular da Seman, Luciano Sandes, lembrou que o bambuzal faz parte da história da cidade e que conservá-lo integra as diretrizes municipais voltadas à preservação do legado natural da capital baiana. “A ideia é preservar as características físicas e ambientais e manter esse aspecto cênico da entrada do aeroporto que é um patrimônio cultural de Salvador”, reforçou o secretário.
Intervenções – O conjunto de ações envolve a roçagem com retirada de palhas e folhas, a fim de evitar a proliferação de fungos e até mesmo a incidência de incêndios em dias frescos; a retirada de hastes demasiadamente altas para evitar possíveis tombamentos, e de vegetais velhos e cepos; a limpeza da vala de contenção que passa no meio do bambuzal, e ainda a marcação dos brotos para que o desenvolvimento possa ser acompanhado ao longo dos anos.
Dentre as ações, o projeto de preservação prevê também a manutenção das raízes e a adubação feita com nitrogênio, fósforo e potássio, além de esterco curtido para melhorar a qualidade do substrato onde estão fincados os bambus. Essa adubação também passará a ser realizada na área anualmente, pelo município. Todas estas intervenções deverão durar seis meses e estão avaliadas em torno de R$900 mil.
Estudos preliminares – Com o envelhecimento clínico e fisiológico do bambuzal, a área apresenta muita queda de hastes e folhas e a morte de diversas touceiras. A análise dos especialistas da Seman avaliou o estado de solidez e estabilidade das espécies, como a inclinação das hastes, extensão dos caules, presença de necroses e ainda acometimento de pragas, a exemplo de cupim e fungos.
Algumas hastes, por exemplo, apresentam sobrepeso em razão da altura demasiada, causando instabilidade estrutural e eventual risco de tombamento. A altura também é propícia a deixar o solo úmido, contribuindo na proliferação de fungos. Já o excesso de folhas pode desencadear incêndios caso entre em contato com algum estopim, como bagas de cigarro.
História – Estima-se que o corredor icônico de bambus em Salvador tenha começado a ser plantado na década de 1920. Historiadores acreditam ainda que na década de 1940, em meio à Segunda Guerra Mundial, a área serviu como base para esconder aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) de ataques inimigos.
Fotos: Otávio Santos/Secom