Durante esta semana, o Centro Histórico de Salvador está sendo palco para a segunda edição da Festa de Arte e Literatura Negra Infantojuvenil, promovida pela Secretaria da Educação do Estado (SEC). A programação segue até domingo (1º de maio) com diversas atividades culturais voltadas para jovens da rede pública de ensino e toda a família. O evento oferece recursos de acessibilidade, como audiodescrição e intérprete de libras, além de segurança para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.
A edição deste ano, que começou na última segunda-feira (25 de abril), é realizada em formato virtual e também presencial, ocupando diferentes espaços culturais do bairro turístico da capital. No ano passado, a Festa de Arte aconteceu apenas virtualmente, devido à pandemia da Covid-19, e alcançou mais de cinco mil pessoas em três dias de evento.
De acordo com o secretário estadual da Educação, Danilo de Melo, além de estimular a produção artística e literária entre os estudantes, a festa promove a conscientização sobre pautas importantes da sociedade. “Estamos realizando uma feira que fortalece a autoestima desses jovens, crianças, negros e negras da Bahia, num festival inédito, que discute, justamente, a produção da literatura a partir de um recorte étnico-racial”, destacou.
Idealizadora da Festa, a produtora cultural, Cris Santana, explicou que o projeto tem como missão promover a arte e a literatura negra, ampliando as ligações dos artistas afro-brasileiros com a cultura, a educação e o público em geral, mobilizando a produção das obras de autoria negra e de todas as artes alcançadas por pessoas pretas.
Programação
Entre as atividades, está a oficina de boneca de pano Abayomi, cujo nome significa ‘Encontro Precioso’. As abayomi são pequenas bonecas negras feitas de pano e sem costura alguma, apenas com nós ou tranças.
A oficina remete à realidade dos africanos que foram trazidos em navios para o Brasil e enfrentaram maus-tratos e muitas adversidades. Para acalentar as crianças, que choravam muito durante o trajeto, as mães negras rasgavam com as próprias mãos tiras de pano de suas saias e faziam bonecas para os pequenos brincarem. Além de conhecerem mais sobre a história e a cultura africana, os estudantes irão aprender a confeccionar as suas próprias bonecas Abayomi.
Também faz parte da programação a oficina de contação de histórias, onde os jovens são coautores e criam personagens a partir da história contada. Rafael dos Santos, 17 anos, aluno do Colégio Estadual Azevedo Fernandes, localizado no Largo do Pelourinho, se surpreendeu com a qualidade e organização do festival. “Adorei tudo o que estou vendo até o momento. Quero participar de várias atividades. O evento superou minhas expectativas”, contou.