Os clubes das Séries A e B que não participaram da reunião de assinatura da proposta de criação da Liga do Futebol Brasileiro (Libra) divulgaram nota nesta sexta-feira (6) repudiando os termos estabelecidos. A principal questão é sobre a divisão de receitas proposta por Red Bull Bragantino, Corinthians, Flamengo, Palmeiras, Santos e São Paulo e que teve o aval do América-MG e do Cruzeiro, integrante da Série B, em documento assinado na última terça (3)
“Os termos aceitos em São Paulo por outros 6 clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo. Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes”, diz o comunicado.
A criação da Libra reúne os 40 clubes das Séries A e B. Com as discussões dos termos, as equipes estão divididas em grupos divergentes. A nota de repúdio foi elaborada durante reunião nesta sexta e foi assinada por Athletico-PR, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Ceará, CSA, Cuiabá, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Náutico, Operário-PR, Sampaio Corrêa, Sport e Vila Nova. Eles querem que 50% das receitas sejam divididos de forma igualitária, enquanto 25% seria pela performance no campeonato e os outros 25% restantes por engajamento. Enquanto os clubes paulistas, mais o Flamengo e com o aval do América-MG e Cruzeiro querem uma divisão de 40% de forma igualitária, 30% pela performance e 30% por engajamento e audiência.
Quando os clubes chegarem a um acordo, a ideia é que a formalização da criação da Libra aconteça na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Leia a carta de repúdio:
“A maioria dos clubes de futebol integrantes das séries A e B do Campeonato Brasileiro segue em seu esforço pela criação da Liga de Clubes e, com esse objetivo, se reuniu na tarde desta sexta-feira para discutir os critérios que nortearão, em bases sustentáveis e justas, o equilíbrio de forças no futuro.
Entre os assuntos debatidos, o mais relevante foi a divisão de receitas de forma que contribua de fato para o aprimoramento da competição, tornando menos desiguais as condições de competitividade atuais.
Os termos aceitos em São Paulo por outros 6 clubes perpetuam o abismo que existe hoje, ao manterem a parte igualitária das receitas em 40%, enquanto nos campeonatos mais bem sucedidos este percentual pode chegar a 68% somando todos os direitos domésticos, internacionais e de marketing, caso da Premier League, por exemplo.
Não é aceitável que haja clubes ganhando 6 vezes mais do que outros, enquanto nas melhores Ligas do mundo essa diferença não ultrapassa 3,5 vezes.
Outro ponto a ser aprimorado é a adoção de premissas que não privilegiem pilares de difícil aferição, em especial ao que tange a engajamento. Tais critérios, na visão da maioria dos clubes que participaram da reunião, apenas perpetuam a posição de superioridade de alguns sobre outros, não dando a oportunidade de maior equilíbrio dos campeonatos.
A criação da Liga entre os 40 clubes será a oportunidade de se mudar efetivamente o futebol brasileiro e esse objetivo não pode se subordinar a interesses individuais de alguns, petrificados há décadas na superioridade de recursos. Sabemos que não seria justo buscar igualdade total de receitas, mas sim equanimidade e melhor distribuição.
O futebol brasileiro não avançará sem que haja um consenso entre os 40 clubes das séries A e B de que a justa distribuição de receitas gerará maiores oportunidades na disputa.”
Bahia Notícias