Um torcedor do Internacional foi retirado das arquibancadas do Beira-Rio durante a partida contra o Juventude na noite desta segunda-feira (29), pela 24ª rodada do Campeonato Brasileiro. Ele é acusado de atos racistas contra o atacante Felipe Pires, do time de Caxias do Sul.
Felipe Pires foi substituído aos 35 minutos do segundo tempo para a entrada do paraguaio Oscar Ruiz. Na saída do campo, o jogador alegou ter sido ofendido por um torcedor colorado que estava atrás do banco de reservas do Juventude. O homem foi retirado da arquibancada do estádio por seguranças e conduzido ao Jecrim (Juizado Especial Criminal) para prestar depoimento. Depois, o atleta também compareceu ao posto policial para ser ouvido. Um inquérito será aberto para apurar o ocorrido.
O árbitro Bruno Arleu de Araújo ficou sabendo do caso apenas ao final da partida e fez o relato na súmula do jogo.
“Após o término da partida, quando estava dentro do vestiário com a equipe de arbitragem, fui comunicado pelo delegado da partida, sr. Paulo Ricardo Machado Santos, que aos 36 minutos do segundo tempo, após a substituição do atleta n.19 do Juventude, sr. Felipe Augusto Rodrigues Pires, o referido jogador quando se dirigia ao seu banco de reservas, acusou um torcedor que estava na arquibancada atrás do banco de sua equipe, onde estavam posicionados torcedores do Internacional, de tê-lo ofendido com ofensa racista com a seguinte palavra: “Macaco!”. Após o ocorrido, o supracitado delegado me informou que junto ao policiamento e o jogador, identificaram o torcedor, tendo sido o mesmo conduzido pelo policiamento ao Jecrim. Antes do fechamento da súmula fui informado pelo delegado da partida que as partes envolvidas se encontravam no Jecrim para apuração do fato e que havia sido gerado o registro de ocorrência número 108/2022/100397. Cumpro ressaltar que tanto durante a partida, quanto após o término da mesma, até o trajeto ao vestiário da arbitragem, nenhum membro da nossa equipe identificou ou foi comunicado sobre o ocorrido”, escreveu.
O torcedor colorado nega ter ofendido Felipe Pires. Ele alega que vibrou com a entrada de Rafinha no lugar de Jadson, que ocorreu simultaneamente a saída do atacante, nas duas substituições do Juventude. O advogado do acusado seguiu a linha do cliente.
“A versão é absolutamente verossímil, respeitando todos os pontos contrários. Os meninos e ele são amigos de infância do Rafinha, foram ao hotel cumprimentá-lo. Todas as brincadeiras que fizeram na substituição. Era estreia dele. Eles, sendo de Caxias, se posicionaram atrás do banco do Juventude pelo amigo. Era o motivo que os trouxe ao jogo”, disse ao site ge.globo.
Os amigos do torcedor também foram ouvidos pela polícia, mas Rafinha não.
“Depois perante a delegada constatamos que realmente não tem nenhuma citação que lembre injúria racial. Não se quer descaracterizar, polemizar com o depoimento do Felipe. Parece que jogou em um país com histórico de racismo no leste europeu. Respeitamos a posição de todos porque é uma questão muito séria”, completou o advogado.
Felipe Pires evitou dar declarações na saída do Jecrim. Ele estava acompanhado por membros da delegação do Juventude, além de um segurança do Inter até a parte interna do Beira-Rio, onde se juntaria ao restante do elenco.
Em campo, o Juventude acabou sendo goleado pelo Inter por 4 a 0. O time de Caxias do Sul é o lanterna do Brasileirão com 17 pontos, oito a menos para sair da zona de rebaixamento. Já o Colorado tem 42 no quinto lugar.
Bahia Notícias