Para psiquiatra, pandemia agravou a saúde mental de brasileiros nos últimos anos.
Desde 2020 o Brasil vem sofrendo um crescimento disparado nos número de casos de suicídio. Doenças como depressão, ansiedade, transtornos do estresse pós-traumático e síndrome do pânico são algumas das enfermidades enfrentadas pelos brasileiros nos últimos anos.
Em determinadas regiões brasileiras, os casos de suicídios aumentaram cerca de 26%, segundo a Fundação Fiocruz.
Para a médica psiquiatra, Silvana Figueiroa, da clínica especializada em saúde mental, Quíron, localizada na cidade de Feira de Santana, o aumento nos casos de suicídio pode estar fortemente ligada à depressão enfrentada pelas pessoas durante o isolamento social e os efeitos socioeconômicos desse período. A especialista explica que esse cenário atual é reflexo da solidão que as pessoas passaram durante este tempo, além da morte de entes próximos e dificuldades financeiras.
“Esse período pandêmico causou diversos efeitos na saúde mental. O aumento de casos de suicídio pode estar ligado à ascensão de algumas doenças que afligiram diversos brasileiros, a exemplo da ansiedade e depressão. Apesar dos casos terem aumentado nas últimas décadas, a pandemia prejudicou um pouco mais essa realidade. Neste período pós pandemia, visualizamos que muitas pessoas enfrentaram esses problemas por terem passado por situações como solidão, síndrome do pânico, perdas, medo da morte, luto e preocupações financeiras”, comenta a psiquiatra.
Uma das principais doenças mentais, a depressão, obteve um aumento de 27,6% nos dois últimos anos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença chegou a um nível que atingiu diferentes idades e públicos por todo o país.
Pesquisas feitas pela Fiocruz demonstraram que os homens com idade igual ou superior a 60 anos praticaram o suicídio em mais de 20%.
Outro público suscetível e vulnerável à depressão são as mulheres, que somaram 40% de tentativa de suicídio, só na região do nordeste brasileiro. Diferentes problemas socioeconômicos influenciam também a ascensão da doença no país e no resto do mundo.
“Jovens, adultos e até idosos estão em sofrimento neste momento. Diferentes públicos e perfis vêm sendo atingidos pela depressão. Estamos registrando um grande aumento nos números deste e de outros transtornos”, diz a especialista.
Um transtorno que também atinge muitos brasileiros é a ansiedade. Em pesquisa indicada pela Universidade de São Paulo (USP) 63% dos brasileiros passam por algum problema de ansiedade atualmente.
“Além da depressão, muitas pessoas lidam também com quadros de transtorno de ansiedade. O Brasil é um dos países com mais registro da doença e que também é um dos prováveis efeitos do período pandêmico, onde as pessoas acabaram ficando ainda mais ansiosas dentro de suas casas”, conta a médica.
Recomendações e sintomas
O tratamento psiquiátrico e terapêutico é uma das principais formas de prevenção. De acordo com a gestora da Quíron Saúde, Vívian Pires, o acompanhamento de saúde mental reduz de forma efetiva os casos de suicídio e depressão.
“O tratamento de saúde mental é de extrema importância para a redução no número de suicídio, depressão e ansiedade. Para estar bem neste cenário, o tratamento psiquiátrico ajuda aquelas pessoas que estão enfrentando algum desses quadros. Cuidar da saúde mental salva vidas”, ressalta Vívian.
Para ajudar as pessoas que estão apresentando algum desses quadros, a gestora alertou algumas questões que podem evidenciar esses problemas.
“Mudanças constante no comportamento, tentativa de suicídio prévia, distanciamento, solidão, tristeza contínua e alteração no humor são alguns possíveis sinais de alerta”, observa a gestora.
“Neste setembro amarelo, mês dedicado a campanha de Prevenção do Suicídio, é muito importante à realização de eventos e campanhas sobre o tema. Essas ações contribuem para alertar acerca do cuidado com a saúde mental e também servem para quebrar paradigmas a respeito do suicídio”, afirma Pires.