O 2º Festival Nacional da Matemática reunirá, de quinta-feira (29) a sábado (1º), 8.251 estudantes dos ensinos fundamental e médio de 179 escolas públicas e privadas do Rio de Janeiro. O evento será realizado pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) na Marina da Glória, no Rio de Janeiro.
Para o público em geral, as inscrições gratuitas podem ser feitas no site do festival e estão sujeitas à disponibilidade de vagas. As escolas farão visitação na quinta e na sexta-feira, e o público geral poderá comparecer na sexta e no sábado (1º).
Em entrevista hoje (26) à Agência Brasil, o diretor-geral do Impa, Marcelo Viana, disse que, desde a primeira edição, ocorrida no período de 27 a 30 de abril de 2017, a intenção era fazer o festival a cada dois anos, mas alguns eventos, entre os quais a pandemia da covid-19, alteraram os planos, adiando-os. “Eu espero que, a partir daqui, [o festival] vá engrenar”.
Segundo Viana, o objetivo do festival é “divertir com matemática. Trazer a matemática para todo mundo, para as crianças das escolas, para as famílias, para os professores, de um modo interessante, instigante e lúdico, para divertir e para encantar. No primeiro festival, ficou muito claro que era possível fazer isso.”
O 1º Festival Nacional da Matemática foi realizado em três locais da capital fluminense, como parte do Biênio da Matemática 2017-2018, lei federal instituída em prol do fomento e desenvolvimento da educação no país. Ele reuniu 18 mil visitantes em quatro dias, com uma programação que incluiu workshops, cineclubes, exposições, palestras de especialistas nacionais e internacionais e apresentação de 56 oficinas selecionadas de todo o Brasil.
Neste ano, o festival terá apenas três dias, por causa do primeiro turno das eleições no domingo (2), Viana estima que a frequência fique pelo menos próxima da registrada na primeira edição. “Acredito que a gente vá alcançar um sucesso comparável ao de 2017, sim”.
Desmistificação
De acordo com Viana, o festival vai desmistificar a ideia de que matemática é uma coisa difícil, proibitiva, que ninguém entende. “Quando estávamos preparando o primeiro festival, eu costumava dizer que matemática é um barato, e o pessoal achava que eu estava de brincadeira. Mas não estava, não. Matemática é um barato, e o festival pode mostrar isso. São muitas atividades interessantes, uma programação muito rica. São palestras, oficinas. Tem muita coisa para a garotada fazer com as próprias mãos, pôr a mão na massa. E, certamente, desmistifica essa ideia totalmente errada que muita gente tem da matemática.”
Na avaliação de Viana, a matemática pode ser de fácil entendimento, divertida e lúdica ao mesmo tempo. “E útil. Nós temos várias discussões sobre a aplicação da matemática na área de ciências de dados. É importante para o país, para o desenvolvimento e para cada um de nós, que somos cidadãos. A matemática faz parte da cidadania”, destacou.
A garotada será brindada com sessões de mágica, por exemplo, enquanto o público adulto poderá participar de discussões sérias sobre a diversidade na matemática, entre outros temas. “Sobre a presença feminina, que queremos que seja cada vez maior, bem como a presença de grupos sub-representados. Vai desde assuntos muito sérios até brincadeiras infantojuvenis baseadas em matemática.”
Entre os palestrantes estão o matemático chileno Andrés Navas, da Universidade de Santiago, e o norte-americano Jack Dieckmann, diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa YouCubed, da Universidade Stanford, um dos criadores do Movimento Mentalidades Matemáticas, que abrange uma nova abordagem didática holística do ensino da matemática; além dos pesquisadores do Impa Paulo Orenstein, Luna Lomonaco e Claudio Landim, este diretor adjunto do instituto e coordenador-geral da Olimpíada Brasileira da Matemática das Escolas Públicas (Obmep).
Novidade
As mesas redondas são uma das novidades desta edição e foram organizadas com o intuito de promover o debate entre pesquisadores, professores e alunos. Entre os temas, destacam-se: Como estimular e influenciar positivamente os alunos de matemática, A força das mulheres na ciência e matemática, Ensino e aprendizagem da matemática para pessoas com deficiência, O que é Data Science e como ela está presente no nosso dia a dia e Meninas inspiradas e inspiradoras.
As oficinas foram escolhidas a partir de um processo seletivo aberto a qualquer pessoa ou escola com projetos voltados para a matemática. As 20 atividades selecionadas retratam o aprendizado de estatística usando minecraft (série de videogame), pensamento computacional, jogos de tabuleiro, os cataventos e a geometria, mandalas e multiplicação, técnicas de origami, a matemática na arte, cultura maker (que se baseia na ideia de que as pessoas devem ser capazes de fabricar, construir, reparar e alterar objetos dos mais variados tipos e com diversas funções), e muitos outros temas.
A programação completa está disponível aqui.
Diversidade
O Impa, que tem agora duas matemáticas em seus quadros, Marcelo Viana admitiu que atrair mulheres para a carreira da matemática não é fácil. No doutorado do Impa, 12% dos candidatos são mulheres. Entre os admitidos, as mulheres representam 15%. “Um pouco acima da oferta de candidatos.”
Para ele, isso é parte de um quadro geral que envolve aspectos socioculturais e não é exclusivo do Brasil. De modo geral, a presença de mulheres nas ciências está aquém do desejado. “Nós [no Impa] somos totalmente favoráveis ao aumento de mulheres, porque sabemos que é benéfico para o ambiente de pesquisa essa diversidade, em particular de gênero, e somos abertos e atentos a todas as oportunidades. Temos projetos voltados ao incentivo à presença de mulheres e meninas, desde a educação básica, nas carreiras de ciências. Estamos muito conscientes de que é necessário incentivar essa presença, essa diversidade.”
Popularização
Popularizar o ensino da matemática entre crianças e jovens é o objetivo da Escola Firjan Sesi no 2º Festival Nacional da Matemática, organizado pelo Impa e pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro.
“Esta é uma boa oportunidade para os alunos verem a matemática de uma forma que vai além da sala de aula, de perceberem que ela pode estar presente em uma brincadeira, em um objeto, em um material mais lúdico”, disse o coordenador de Educação Básica da Firjan Sesi, Vinicius Mano. Ele explicou que a dinâmica que será mostrada no festival já é experimentada dentro das Escolas Firjan Sesi. “Nossa metodologia incentiva uma matemática investigativa, que pensa em como resolver um problema ou interpretar um aspecto de um objeto ou da realidade. Mostrar uma matemática que vai além de fazer contas é o que esperamos para a Arena”. Um dos exemplos é o projeto em parceria com a associação francesa Math en Jeans, que visa aproximar os jovens estudantes da pesquisa acadêmica na área e que está sendo iniciado agorra nas Escolas Firjan Sesi.
Na Arena Firjan Sesi, a matemática será mostrada em atividades que podem ser comuns no dia a dia ou que podem causar estranheza e curiosidade. A Roda Quadrada em um triciclo; o Cubo Cabeça, formado por sete peças tridimensionais; o Desafio do Labirinto; a Legolândia; o Xadrez Gigante e o Desvende os Padrões, que explora os padrões visuais, são algumas das atividades propostas durante o evento. Também as equipes de robótica das Escolas Firjan Sesi de Resende, Barra do Piraí, São Gonçalo e Tijuca estarão presentes no evento.
Agência Brasil