A família do homem que foi preso em flagrante após matar uma idosa espancada em Dias D’Ávila, Região Metropolitana de Salvador, disse que o homem é esquizofrênico e fazia tratamento psiquiátrico. Em uma crise anterior, ele chegou a decepar o próprio pênis, depois de ter “ouvido vozes”.
O g1 conversou com uma familiar do homem nesta sexta-feira (13), que preferiu não se identificar por medo de represálias. Ela relatou, inclusive, que os parentes têm recebido ameaças da população e negam que mãe do suspeito o soltou de maca, como afirma a prefeitura.
Antes de matar a idosa espancada, o homem foi internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Lucas Evangelista. A versão da prefeitura é de que a mãe dele – que também é idosa e havia sido agredida pelo próprio filho horas antes – o teria soltado depois de se compadecer da situação do filho.
“Ele já é acompanhado e fazia tratamento médico, tomava remédio. Só que ele começou a fingir para a mãe que estava bem e escondeu as medicações. A mãe dele não soltou ele da maca, ela já sabia que ele tinha que ficar amarrado, porque esse não foi o primeiro surto que ele teve”.
“Em 2021, ele cortou o pênis dele porque disse que estava ouvindo vozes que mandaram ele fazer isso. Ela sabia o procedimento de manter ele amarrado, porque ele fica muito violento quanto está em crise”.
Para tentar apresentar a versão da mãe do suspeito, a família a levou até a delegacia, mas até esta sexta-feira (13) ela ainda não foi ouvida.
“Nós levamos ela, mas o delegado disse que ela ainda não poderia prestar depoimento. Ela está sedada, sofrendo. Sofrendo porque o filho matou uma mulher e também sofrendo porque está com o filho doente neste estado”.
Homem botou fogo na casa da mãe
A familiar do suspeito contou toda a cronologia de como a situação aconteceu, antes do assassinato da idosa por espancamento.
“A gente acha que ele estava escondendo os remédios, porque ele dizia à mãe que estava tomando, e aparentava estar bem. Estava trabalhando certinho e chegou até a levar bombons escritos ‘eu te amo’, para a mãe dele. Aí ela estranhou, porque ele não tinha o costume de fazer isso. Depois ele chegou a sair de novo e ao voltar para casa já estava em surto”.
“Ele chegou rindo e dizendo que não era ele mesmo. Pegou uma faca e tentou ameaçar a própria mãe, que queria sair de casa para buscar ajuda”.
Depois disso, o suspeito passou a agredir a própria mãe, que conseguiu gritar por socorro, chamando a atenção dos vizinhos. Após as agressões, ele ateou fogo na casa onde os dois moravam.
“Eles entraram em luta corporal. Ele deu murros nela, nos braços. Aí quando os vizinhos foram socorrer, ele fugiu sem roupas, se escondeu no mato. Depois a mãe dele foi levada por parentes para outra casa. Aí ele fugiu, sem roupa. Depois ele retornou e tocou fogo na casa”.
Foi a partir disso que a Polícia Militar e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram chamados e encontraram o suspeito. Ele foi detido e levado para a UPA, onde foi amarrado e medicado. Horas depois, o homem se soltou, quebrou vidraça e conseguiu fugir. Na rua, ele matou a vítima.
Depois de ser agredido e contido por moradores, o homem foi preso e levado para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde está internado sob custódia. Ele também teve muitos ferimentos e não há previsão de quando será levado para uma unidade prisional.
Família da vítima está desolada
A família da idosa Elisabete Nunes de Oliveira está desolada. Ela foi espancada com barras de madeira, um tijolo e uma garrafa de vidro.
Quando perceberam as agressões, vizinhos da vítima correram para tirar o homem de cima dela, mas ela já estava sem vida. A Polícia Militar chegou em seguida. Elisabete deixou o esposo e o único filho do casal, Rodrigo Alves.
“Eu não pude nem ver minha mãe. Ele deformou ela totalmente. Eu só tinha ela”.
Ainda abalado, o viúvo de Elisabete não quis falar sobre o assunto e se limitou a dizer que passou a noite em claro. Ele não estava em casa no momento do ataque à esposa.
G1