Pela primeira vez o município de Lauro de Freitas vai participar ativamente das celebrações oficiais do 2 de Julho, que neste ano comemora o bicentenário da Independência da Bahia. A conquista foi oficializada nesta segunda-feira (19), durante audiência pública realizada pela Câmara Municipal de Vereadores, no Terminal Turístico Mãe Mirinha de Portão. Junto a outras cidades do Recôncavo Norte (Camaçari, Mata de São João e Dias D’Ávila), Lauro de Freitas passou a fazer parte de uma nova rota do fogo simbólico.
A inclusão do Recôncavo Norte nas celebrações do 2 de Julho é uma reparação histórica, como destaca a prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho. “Este momento marca o quanto a história do Brasil e da Bahia precisa ser recontada de forma verdadeira. Estava mais que na hora de resgatar a participação desses municípios na consolidação da independência. Enquanto Freguesia de Santo Amaro de Ipitanga, Lauro de Freitas fez parte dessa luta e vamos levar essa história para dentro das escolas e para toda a população”, disse.
A valorização da história de participação do Recôncavo Norte para a memória histórico-cultural, nas celebrações do 2 de Julho, ganhou força a partir de um estudo do historiador natural de Camaçari, Diego Copque. Esta pesquisa em contato com historiadores das outras cidades culminou na criação de um consórcio, que pleiteou a reativação do trajeto perdido na história, com o reconhecimento da Fundação Gregório de Matos (FMG) e o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB).
“De fato se trata de uma reparação histórica, tendo em vista que a proximidade desses municípios com a capital, seria impossível que houvesse um conflito em Salvador e esses municípios não participassem de maneira ativa com protagonismo no processo de independência. Tivemos a participação popular, de negros livres e escravizados, de toda a população do recôncavo norte, que de forma ativa contribuiu com a consolidação da Independência do Brasil na Bahia”, relatou Copque.
A audiência pública foi conduzida pela presidenta da Câmara de Lauro de Freitas, Naide Brito. A mesa institucional contou a participação de outros vereadores, além dos pesquisadores Márcio Wesley Nery, Coriolano Oliveira e Gildásio Freitas que contribuíram com o Consórcio Recôncavo Norte. A presidenta da Academia de Letras de Lauro de Freitas (ALALF), Josenita Luz, também esteve presente.
Fogo simbólico em Lauro
Com a inclusão do Recôncavo Norte nas celebrações do 2 de Julho, uma nova rota de passagem do fogo simbólico foi criada, além da tradicional que sai da cidade de Cachoeira até Pirajá em Salvador. No dia 30 de junho, o fogo simbólico sairá da cidade de Dias D’Ávila, com percurso por Mata de São João e Camaçari, em direção a Lauro de Freitas. Após dormir no município, seguirá para Simões Filho no dia 01 de julho.
Lauro na independência
O município teve um papel fundamental para a consolidação da Independência da Bahia, no dia 2 de Julho de 1823. A antiga freguesia de Santo Amaro do Ipitanga serviu de abrigo para as tropas brasileiras durante as lutas contra o exército Português, com participação ativa da população pela independência.
Na Freguesia existiram 13 engenhos de cana-de-açúcar. Dentre os quais, o engenho do Caji se tornou refúgio do general Pedro Labatut com suas tropas da brigada de esquerda. O abrigo foi cedido pelo coronel João Ladisláu de Figueiredo e Mello, proprietário do engenho. Com o local seguro para descansar e tratar os soldados feridos, Labatut reestruturou as tropas e com uma série de providências intimidou as forças portuguesas do brigadeiro Madeira de Melo.
Outro fator histórico é a ligação do município laurofreitense com o bairro de Valéria, em Salvador. Na época da luta pela independência da Bahia, a localidade da capital baiana, que também foi cenário de movimentação, fazia parte da freguesia de Santo Amaro do Ipitanga. Nos arquivos da Prefeitura de Lauro de Freitas há registros do segundo prefeito da cidade (anos 60), Amarílio Tiago dos Santos, na comemoração do dia 2 de Julho, em Valéria. Sua participação na localidade era uma demonstração do elo.
Texto Laerte Santana
Foto Raphael Muller