No dia 31 de julho, o Teatro Vila Velha (TVV) faz aniversário: 59 anos. Inaugurando o ciclo de comemorações Vila + 60 com o mais tropicalista dos tropicalistas, o cantor e compositor Tom Zé, no show intitulado “59”. O evento que acontece esta segunda-feira, às 19h, é para convidados e aberto para uma pequena cota de público, gratuitamente, que será disponibilizada através da plataforma Sympla ainda esta semana. E uma grata notícia para àqueles que não tiverem a oportunidade de assisitir presencialmente: o show será transmitido, na íntegra, através do Vila Virtual no youtube @teatrovilavelha
Tom Zé retorna ao palco que lhe deu régua e compasso e que o lançou para o mundo, juntamente com Gil, Caetano, Bethânia e Gal, no show “Nós, Por Exemplo”, que inaugurou o Vila em 1964. No repertório, a canção “Teatro”, composta e gravada por ele para o espetáculo “Um Tal de Dom Quixote”, montagem do diretor Márcio Meirelles que reinaugurou o Vila em 1998; e músicas do álbum “Língua Brasileira”, que tem a proposta de investigar a língua e a cultura brasileiras, celebrando suas especificidades e riquezas, em contraponto à narrativa colonial e simplificadora de “descoberta” do Brasil e da disseminação da língua portuguesa.
Na ocasião do evento, o Vila anuncia ainda o compromisso firmado com a Prefeitura de Salvador, que assume a reforma e a requalificação de todo o espaço físico do teatro e do Passeio Público de Salvador, até julho do ano que vem. A terceira idade do Vila se aproxima sob a mesma essência de sua fundação, em 1964: sob a perspectiva da parceria, independente, laica e apartidária, entre seu corpo artístico e gestor e as instâncias governamentais, a sociedade civil e a iniciativa privada. É longe de uma lógica polarizada ou extremista que o Vila segue acreditando que a construção de sua sustentabilidade é livre e democrática, em diálogo com os governos municipal, estadual e federal.
O encenador e diretor artístico do Teatro Vila Velha, Márcio Meirelles, relembra que “em 1961 o terreno do Passeio Público de Salvador foi cedido, pelo governador Juracy Magalhães, ao grupo Teatro dos Novos, para a construção do Vila. O Prefeito, Virgildásio Sena, que tinha sido Secretário Municipal de Obras na gestão anterior, muito apoiou a construção. No dia 31 de julho de 1964, o Vila foi inaugurado com o apoio da Prefeitura de Salvador e do Governo do Estado da Bahia. 59 anos depois o Prefeito, Bruno Reis, que foi Secretário Municipal de Obras na gestão anterior, faz uma visita para conhecer o teatro, levado por Pedro Tourinho e Fernando Guerreiro. E, pela importância do Vila para a cidade, estado e país, oferece o investimento municipal para sua reforma e requalificação. No dia 31 de julho de 2024, o Vila, que tem apoio financeiro para sua manutenção do Governo do Estado, será reinaugurado com esse investimento da Prefeitura. 60 anos depois”.
“Pia batismal dos artistas baianos”, como definiu Gilberto Gil, que, junto à Bethânia, Caetano, Gal Costa e Tom Zé, começou a sua carreira no Vila, com o show “Nós, Por exemplo”, que inaugurou o teatro em 1964. O Vila continua sendo um dos mais atuantes centros de formação, criação e difusão das artes cênicas no Brasil. Palco-natal de Othon Bastos, dos Novos Baianos, de Lázaro Ramos, Wagner Moura, Virgínia Rodrigues e dos grupos Bando de Teatro Olodum, Viladança, Cia de Teatro Novos Noves, VilaVox e de uma série de outros grupos, projetos e artistas. Foi também no palco do Vila que foram julgadas e aprovadas as anistias políticas do cineasta Glauber Rocha e do guerrilheiro Carlos Marighella, e o Estado Brasileiro pediu desculpas a suas famílias pelos atos criminosos durante o regime militar. Histórias que o acervo do Vila preserva através de registros audiovisuais, fotográficos, jornalísticos e diversos outros documentos e formatos.