O câncer colorretal (CCR) afeta aproximadamente um milhão de pessoas em todo o mundo, com incidências variando entre países. No Brasil, a incidência está em ascensão, tornando-se o terceiro câncer mais comum, depois do câncer de mama e próstata, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). E este mês é marcado pelo “Março Azul Marinho”, uma campanha dedicada a divulgar informações sobre a prevenção dessa doença.
De acordo com a médica coloproctologista do Hospital Mater Dei Salvador, Manuela Liger, os fatores de risco para o câncer de intestino são obesidade (índice de massa corporal acima de 30), constipação, consumo de embutidos (presunto, salame, salsicha e defumados), de carne vermelha em excesso e de bebida alcóolica, dieta pobre em fibras (folhas, frutas e verduras), histórico familiar, tabagismo, sedentarismo, idade (quanto maior a idade, maior o risco), doença inflamatória intestinal e presença de síndromes genéticas.
“Esse é um tipo de câncer que precisa de uma atenção ainda mais especial. Ele é mais frequente em pessoas acima dos 50 anos e a sua probabilidade de cura está diretamente relacionada com a fase do diagnóstico, podendo variar de 10% a 95%”, alerta a especialista.
Sintomas e exames
Os sinais e sintomas do câncer colorretal podem incluir sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal, dor abdominal em cólica, emagrecimento e anemia. As pessoas com esses sintomas devem procurar um especialista para realizar a avaliação completa do intestino grosso. Geralmente, o exame indicado é a colonoscopia.
“O diagnóstico é feito através de um exame de colonoscopia para avaliar se há uma lesão no intestino e, em caso positivo, a biópsia para a confirmação do diagnóstico”, diz a médica. Em relação aos exames oferecidos pela medicina na melhor prática médica atual são dois: teste de sangue oculto nas fezes e colonoscopia. O primeiro reduz a mortalidade pelo CCR em 33% e o segundo entre 60% e 90%. São os mais utilizados na prática. O teste de sangue oculto nas fezes é barato, não invasivo e fácil aceitação.
Na colonoscopia, a detecção de um pólipo pode evitar que aquele pólipo sofra uma degeneração para o câncer, visto que o pólipo é uma lesão pré-maligna. Conforme explica a coloproctologista, a colonoscopia permite diagnosticar tumores iniciais, com maior potencial de cura, além de retirar pólipos pré-malignos, fazendo a prevenção do câncer de intestino e reto. A realização do exame de maneira preventiva deve se iniciar aos 45 anos, se o paciente não tiver histórico na família ou não apresentar sinais de alarme. “Caso tenha algum familiar de primeiro grau no histórico familiar, o rastreamento deve ser iniciado aos 40 anos ou 10 anos antes do diagnóstico do parente de primeiro grau, o que vier primeiro”, explica a doutora Manuela Liger.
Cirurgia robótica
Oncologista e Coordenador do Hospital Integrado do Câncer do Hospital Mater Dei Salvador, Cleydson Santos diz que o principal tratamento para este tipo de câncer é cirúrgico, ou seja, a partir da remoção daquela parte do intestino doente. Nesses casos, a equipe médica responsável realiza, ainda durante a cirurgia, a anastomose – a emenda do intestino restante. Em algumas situações, pode ser necessária a utilização de uma bolsa de colostomia ou ileostomia. “Essa bolsa, essa ostomia, pode ser temporária ou definitiva. Hoje, com as bolsas adequadas, com orientação adequada, mesmo aqueles pacientes que precisam ficar com a ostomia podem ter uma qualidade de vida muito boa e se adaptar ao novo estilo de vida”, afirma o médico.
A Rede Mater Dei de todo o Brasil é capaz de diagnosticar, estadiar e tratar o câncer colorretal com excelência. “No Hospital Mater Dei Salvador, por exemplo, contamos com todas as tecnologias e profissionais altamente qualificados para o rastreamento, diagnóstico, estadiamento e tratamento do paciente. Nós temos um serviço de endoscopia e colonoscopia de altíssimo nível, oferecemos rapidez no diagnóstico, além de uma equipe multiprofissional, formada por coloproctologistas, colonoscopia, radioterapeutas e cirurgiões oncológicos, a fim de individualizar o tratamento do câncer colorretal”, acrescenta o doutor Cleydson Santos.
Segundo o especialista, o uso da plataforma robótica para a realização desse tipo de cirurgia é interessante porque, além das vantagens técnicas para o cirurgião, facilitando a dissecção cirúrgica, há dados que mostram, por exemplo, em comparação com a cirurgia laparoscópica, redução na taxa de conversão para cirurgia aberta, diminuição de mais de 50% na taxa de fístula, melhores resultados de função sexual e urinárias após as cirurgias nessa região. A coloproctologista Manuela Liger acrescenta: “A cirurgia robótica possui grande importância devido a maior precisão dos movimentos realizados com o robô, o que impacta também na maior segurança da cirurgia. Além de menor tempo de recuperação, menor tempo de hospitalização e retorno mais precoce às atividades habituais”.
Outras formas de tratamento
Outro tratamento que é possível para tumores do reto é a radioterapia, que pode ser associada à quimioterapia. Existem também novos medicamentos, chamados de anticorpos monoclonais, terapia alvo, remédios para reduzir a formação de vasos sanguíneos e, também, tratar metástase, sobretudo para o fígado, com procedimentos, por exemplo, de radioembolização, quimioembolização, ablação por radiofrequência, radioterapia também das metástases.
“Ou seja, existe uma grande evolução que elevou as taxas de cura dos pacientes, os pacientes com doença localizada podem ter taxa de cura acima de 90%, para aqueles pacientes que têm acometimento de linfonodo, essa taxa pode chegar a 75% e mesmo em algumas situações de doença metastática, ou seja, doença disseminada, em que é possível remover as lesões ou tratar as lesões, mesmo assim existem alguns pacientes que podem alcançar a cura. Então, é um tratamento que evoluiu dramaticamente nos últimos anos”, finaliza o doutor Cleydson Santos.