A Bahia foi destaque na lista de praias que receberam a Bandeira Azul na temporada 2023/2024. Salvador e Camaçari foram as únicas cidades do Nordeste que apareceram mais de uma vez na lista de contempladas pelo selo, que assegura que o local oferece os mais altos padrões de saúde, segurança, serviços, qualidade da água e educação ambiental. O selo é promovido pela Foundation for Environmental Education (FEE) e operado no Brasil pelo Instituto Ambientes em Rede (IAR). Pelo quarto ano consecutivo, Camaçari aparece na lista com duas praias, Guarajuba e Itacimirim – a primeira recebe o selo há cinco anos. Já Salvador consegue o feito pela primeira vez, aparecendo na lista com as praias Vibração e Ponta de Nossa Senhora de Guadalupe.
Para se qualificar para a Bandeira Azul, uma série de critérios com foco em gestão ambiental, qualidade da água, educação ambiental, segurança e serviços, turismo sustentável e responsabilidade social devem ser atendidos, mantidos e comprovados anualmente. “No Brasil, a resolução utilizada como referência é a CONAMA 274. Portanto, a praia ou marina deve cumprir completamente os requisitos de amostragem e frequência regidos por essa legislação”, explica Valdo Pontes, gerente de laboratório da Cetrel, empresa que realiza a análise das praias de Camaçari.
Segundo Pontes, a Bandeira Azul é concedida para praias que possuam pelo menos um ponto de coleta para análise de qualidade de água. Além disso, atividades de educação ambiental devem ser oferecidas aos usuários das praias e um comitê de gestão ambiental deve ser estabelecido, com foco nas questões de segurança e serviço.
“Dentre os critérios obrigatórios para obter o selo Bandeira Azul nas praias estão: a análise da qualidade da água, avaliando os parâmetros microbiológicos Escherichia coli e Enterococos, que devem apresentar resultados excelentes, não bastando apenas ser considerada como própria. Outros parâmetros físico-químicos que devem ser monitorados são: pH, óleos e materiais flutuantes”, enumera o gerente de laboratório da Cetrel. Desse modo, o selo assegura aos banhistas e turistas em relação a qualidade da água e de programas ambientais sustentáveis utilizados no local, o que pode alavancar o turismo na região.
De acordo com Lúcia Bichara, subsecretária de turismo de Camaçari, a obtenção do selo demonstra uma preocupação com a gestão com a sustentabilidade. “Para cumprir esses 32 critérios precisamos desenvolver um turismo sustentável, que envolve a comunidade, o setor público e privado, a importância da limpeza das praias, sobre a reciclagem. Também é necessária uma preocupação com a segurança, disponibilizar serviços turísticos. Isso corrobora com a nossa postura de proteção ao meio ambiente”, afirma Bichara. A subsecretária de turismo de Camaçari revela também que o município busca conquistar o selo para outras 3 praias até 2026. “A gente tem 42 quilômetros de costa com praias belíssimas, com restinga e com tudo o que é necessário. A gente só precisa adequar alguns outros critérios, mas o nosso objetivo é aumentar essa bandeira nas praias de nossa costa”, diz.
Análise da água
Em Camaçari, a análise da qualidade da água está sob responsabilidade da Cetrel, em parceria com a Secretaria de Turismo do município. A empresa recebe a coleta da amostra da água, que é levada para análise em laboratório, de modo a medir os parâmetros microbiológicos de Escherichia coli e Enterococos.
“Como eu disse, a CONAMA 274 diz que os resultados dessa análise devem ser excelentes, ou seja, quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver, no máximo, 250 coliformes fecais (termotolerantes) ou 200 Escherichia coli ou 25 enterococos por l00 mililitros”, explica Valdo Pontes. Ele acrescenta ainda que o pH precisa estar entre 6 e 9 e não deve haver presença de óleos e materiais flutuantes.
Caso todos os critérios necessários sejam atingidos, o selo será concedido para a localidade. “Quando, ao final do período de análise, a praia não conquista a Bandeira Azul, o solicitante deve avaliar os critérios que não foram atendidos e estabelecer um plano para atendimentos a esses critérios. Por fim, submeter a uma nova avaliação”, finaliza Pontes.