As escrevivências de Conceição Evaristo foram saberes para a construção de diálogos sobre mulheres negras na comunicação na manhã desta sexta-feira (12), no auditório da Procuradoria Geral do Estado (PGE), em Salvador. A escritora, imortal da Academia Mineira de Letras, expôs que a escrita da mulher negra comunicadora “perturba o sono da Casa-Grande” quando um novo estilo e estética para o setor são criados a partir de um olhar crítico de mulheres negras.
“Mesmo que a gente não tenha um discurso construído, não tenha uma teoria formalizada, cada mulher busca seu espaço [profissional], cada mulher que se impõe está contribuindo para a luta de gênero, mesmo sem teorizar sobre isso”, completou Evaristo.
A perspectiva dela sobre o impacto dessas mulheres na comunicação é vista como inspiração para a jornalista Natália Carneiro. “O primeiro ponto, para mim, é a inspiração mesmo. Ela nos coloca o desafio de não desistir da carreira, não desistir dos nossos sonhos e, principalmente, contar a nossa história, que é o que ela faz. Traz as nossas diversas vivências e escrevivências”, analisou.
O encontro de mulheres comunicadoras ‘Elas à Frente na Comunicação: Promoção e Difusão de Direitos’ teve a participação de 150 mulheres e fez parte das ações do Julho das Pretas, da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Estado (SPM). A chefe de gabinete da pasta, Aldinha Sena, destacou, ainda, a apresentação do edital Elas à Frente na Comunicação, que será apresentado em um espaço de escuta com as comunicadoras durante a tarde desta sexta-feira (12).
“Vamos apresentar algumas linhas de atuação. Então, qual é a nossa expectativa? A mulher tem um meio, um blog, uma produção fotográfica, um produto seu, mas não consegue escoar enquanto produto, enquanto economia criativa da sua produção, o edital vai dar voz a esse produto. Nós queremos fazer ele a longo prazo, por três anos, pelo menos”, explicou a gestora.
O edital, que será anunciado nos próximos meses pela secretaria, terá como público-alvo jornalistas, publicitárias, relações públicas, assessoras de comunicação, radialistas, fotógrafas, artistas visuais e influenciadoras digitais. Os projetos serão divididos em quatro grandes áreas: direitos, diversidade, promoção e cultura, para impulsionamento da criação de podcasts, documentários, eventos culturais e outros produtos de comunicação. O Estado vai investir R$ 1,5 milhão nos projetos.
Mulheres homenageadas
Além de Conceição Evaristo, as jornalistas Camilla França, Val Benvindo, Ceci Alves, Wanda Chase, Georgina Maynart, Lorena Ifé, Maíra Azevedo, Marjorie Moura, Mirtes Santa Rosa, Silvana Oliveira e Cleidiana Ramos receberam homenagens por suas contribuições na comunicação. Pesquisadoras como Bárbara Carine, Carla Akotirene e Mabel Freitas também estão entre as mulheres exaltadas.