Os moradores do Nordeste de Amaralina foram às ruas do bairro nesta quarta-feira (25) pedindo justiça após 1 ano da morte do pizzaiolo João Vitor, morto no dia 25 de setembro de 2023 durante uma ação policial na comunidade. Victor trabalhava na Pizzaria do Gago, que prestou uma homenagem ao jovem nas redes sociais, que foi lembrado nos comentários da publicação pelos moradores: “Nunca será esquecido”.
A investigação inicial sobre a morte de João indicou que seu corpo foi encontrado com sinais de disparos de arma de fogo, mas os detalhes sobre a autoria e a motivação do crime não foram divulgados. Em resposta, amigos e familiares levantaram a voz nas redes sociais, acusando a Polícia Militar de estar envolvida nos disparos que levaram à morte do jovem.
Na manifestação, a mãe de João, que preferiu não ser identificada por questões de segurança, destacou o caráter trabalhador e sonhador do filho, que havia passado o dia anterior com a família antes de sair para uma festa. “Ele não teve nem chance de defesa. “Meu filho era uma joia rara”, lamentou.
Em entrevista, a mãe de João compartilhou sua profunda tristeza e confusão diante da perda. Trabalhando como auxiliar de serviços gerais e realizando “bicos” como manicure, ela está sob acompanhamento psicológico desde a tragédia. “Ele sempre foi alegre, brincalhão e tinha um sorriso largo. Desde cedo trabalhou duro e sonhava em comprar uma moto. Estava até pagando um consórcio para isso”, contou. João concluiu o ensino médio em 2022 e pretendia cursar gastronomia.
“Eu deixei ele morar sozinho porque era responsável, não se envolvia em confusão. Agora está sendo muito difícil. Não tive força nem para entrar na casa dele”, desabafou a mãe.
Medo constante
João não é o primeiro caso de morte resultante da violência policial na comunidade. Desde sempre, moradores reclamam de operações policiais violentas e incursões que desrespeitam os moradores.
Cléia Silva, de 54 anos, também esteve presente no protesto pedindo justiça por João e pontuou sobre as dificuldades de se morar em uma comunidade periférica. De acordo com ela, não há respeito por parte das autoridades quando acontecem ações orquestradas pela PM.
“Eles sempre chegam da mesma forma, não respeitam o morador. Na cabeça deles, todos somos criminosos. As abordagens são violentas, as casas são invadidas. Temos vários casos assim aqui”, comentou.
No dia da tragédia que vitimou João Victor, a Polícia Militar se posicionou por meio de nota informando que foi encontrado baleado e chegou a ser socorrido para o Hospital Geral do Estado, mas não resistiu aos ferimentos.
O caso seguiu sendo investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios da Polícia Civil, mas ninguém foi responsabilizado até o momento.