No Dia de Conscientização das Doenças Reumáticas, celebrado em 30 de outubro, a atenção se volta para um problema de saúde que afeta não apenas adultos, mas também crianças e adolescentes. Surpreendentemente, 25% das doenças reumáticas acometem pessoas com até 16 anos de idade, revelando um cenário preocupante que demanda um cuidado especial. A reumatopediatra da Clínica IBIS, Dra. Roberta Gomes, explica que o termo “reumatismo em crianças”, é um conjunto de condições que, além de acometerem ossos, articulações, cartilagens e músculos, também podem comprometer órgãos internos indispensáveis à vida, a exemplo de rins, coração, pulmões, intestino, olhos, sistema nervoso central e pele.
As doenças reumáticas pediátricas se dividem em dois grandes grupos: as autoimunes, em que estão a artrite idiopática juvenil e o lúpus eritematoso sistêmico juvenil, e as autoinflamatórias, entre elas a Febre Familiar do Mediterrâneo. A predisposição genética desempenha um papel significativo no desenvolvimento dessas patologias, mas fatores ambientais como nutrição inadequada, exposição à poluição ou radiação ultravioleta também podem contribuir.
Para um diagnóstico precoce, os pais devem estar atentos a sinais como dores nas articulações ou nas costas, alterações no aspecto das articulações, febre persistente, cansaço excessivo, dificuldade de locomoção, erupções cutâneas e problemas de visão ou audição. “É muito importante que os pais fiquem atentos àquela criança que começou a apresentar alguns achados que antes não eram encontrados, como quedas frequentes, claudicação ou dificuldade de correr, por exemplo”, alerta a especialista, reforçando ainda que os sintomas iniciais podem ser inespecíficos, levando a confusões com outras condições. “A grande questão nessa população muitas vezes é realizar corretamente os diagnósticos diferenciais”, afirma a médica. Provas inflamatórias, autoanticorpos e exames de imagem das articulações podem auxiliar no diagnóstico.
Tratamentos e pesquisas
O tratamento requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo reumatologistas pediátricos, fisioterapeutas, psicólogos e outros profissionais de saúde. As opções terapêuticas incluem anti-inflamatórios, antibióticos, corticoterapia e drogas imunossupressoras, além de atividades físicas adequadas e suporte psicológico. Dra. Gomes ressalta que existem protocolos próprios para o tratamento de doenças reumáticas na população pediátrica, que diferem dos seguidos na população adulta.
A pesquisa na área tem avançado significativamente. “Atualmente, com os avanços tecnológicos, foi possível identificar várias citocinas envolvidas no desencadeamento das doenças reumáticas”, explica Dra. Gomes. Novos tratamentos, a exemplo dos imunobiológicos e medicamentos sintéticos, têm revolucionado o manejo dessas condições.
Embora muitas doenças reumáticas sejam inevitáveis, algumas medidas podem ajudar na prevenção ou melhorar a resposta ao tratamento. A especialista recomenda uma alimentação saudável, rica em cálcio e ômega 3, evitar o excesso de telas e praticar atividades físicas regularmente. “A ação muscular é essencial para o desenvolvimento ósseo, já que na infância e adolescência os ossos crescem em comprimento e espessura”, destaca.
O Dia de Conscientização das Doenças Reumáticas serve como um lembrete importante da necessidade de atenção e cuidado com a saúde de crianças e adolescentes. Com o diagnóstico precoce e tratamento adequado, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida desses jovens pacientes, permitindo que eles desfrutem de uma infância e adolescência plenas, apesar dos desafios impostos por essas condições.