Duas mil toneladas de emissão de CO₂ foram evitadas na Bahia em 2024 com a iniciativa Repense Reuse, da organização Humana Brasil, que espalha pontos de coleta de roupas, calçados e acessórios por Salvador, com o apoio da Prefeitura. Os itens arrecadados são encaminhados para reutilização, o que reduz a necessidade de produção de novas peças e, consequentemente, o consumo de matérias-primas — muitas delas poluentes —, além de economizar água e energia.
Antes da parceria com a Prefeitura, os pontos de coleta estavam localizados em shoppings, supermercados, condomínios, universidades e postos de combustíveis da capital baiana. Agora, também podem ser encontrados em espaços públicos da cidade.
De acordo com a gestora de implementação do Repense Reuse, Cláudia Andrade, o setor têxtil é o segundo maior poluidor do mundo. Ela explica que a iniciativa trabalha com o têxtil pós-consumo, que inclui tanto roupas usadas quanto peças novas que não agradaram ao comprador.
“No Brasil, o descarte de resíduos têxteis ainda é um grande desafio. Nas regiões em que atuamos, realizamos pesquisas e percebemos que muitas pessoas querem doar roupas, mas não sabem onde. Nosso trabalho consiste em gerenciar essa demanda, oferecendo pontos de coleta acessíveis”, afirma Cláudia.
Ainda de acordo com a gestora, os recursos gerados pela iniciativa são destinados a causas sociais. Em três anos, o projeto se consolidou em Salvador e, atualmente, financia seis projetos comunitários. “A importância desse trabalho está no contexto socioambiental: socialmente, o objetivo final é apoiar iniciativas comunitárias; ambientalmente, buscamos prolongar a vida útil dos produtos têxteis”, acrescenta.
Avanço – Atualmente, há cerca de 30 pontos de coleta espalhados em espaços públicos, incluindo praças como João Amaral, em Amaralina; Imbuí; Jorge Freire, no Costa Azul; Imperial, no Stiep; e Aquarius. O secretário municipal de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-estar e Proteção Animal (Secis), Ivan Euler, destacou a relevância da parceria com a Prefeitura.
“Temos avançado nessa parceria, que é extremamente importante para Salvador. Hoje, os cidadãos podem descartar resíduos têxteis nesses coletores, garantindo que sejam reaproveitados. Em vez de irem para o aterro sanitário, essas peças retornam à cadeia produtiva dentro do conceito de economia circular. Os materiais podem ser revendidos em brechós, gerando recursos para financiar programas da Humana Brasil e, em alguns casos, sendo doados para quem precisa”, explica Euler.
O secretário adiantou que a tendência é ampliar a iniciativa, com mais coletores em espaços públicos. “Estamos mapeando novos pontos para facilitar o acesso da população, permitindo que mais pessoas descartem corretamente materiais que antes seriam jogados no lixo comum e agora podem ser reaproveitados”, finaliza.
A empresária Salete Anunciata Beraldi, moradora do bairro Aquarius, de 64 anos, aprova a iniciativa. “Acho maravilhoso. Eu mesma tenho muita coisa para descartar, e a gente fica adiando, adiando… Às vezes, não tem para quem dar, não sabe para quem entregar, se vai para a mão certa. Com essa iniciativa, a doação vai para instituições confiáveis. Se quiserem contar comigo também, estou aqui para ajudar”, disse.
Foto: Jefferson Peixoto/Secom PMS