Você sabia que as mudanças climáticas, com verões cada vez mais intensos, podem estar aumentando o número de crises em pacientes neurológicos? Estudos mostram que ondas de calor prolongadas elevam significativamente o risco de sintomas exacerbados. Condições como enxaqueca e esclerose múltipla (EM) são particularmente afetadas por altas temperaturas. De acordo com o especialista em doenças neurodegenerativas na Clínica IBIS, Dr. Eduardo Cardoso, entender essa relação pode fazer a diferença no manejo e na qualidade de vida de quem vive com esses diagnósticos.
Enxaqueca
A enxaqueca é uma das condições neurológicas mais sensíveis a mudanças ambientais. “No verão, a combinação de calor intenso, exposição prolongada ao sol, desidratação e alterações nos padrões de sono podem aumentar a frequência e a intensidade das crises”, afirma o médico. Um gatilho que muitos desconhecem é a ingestão de alimentos muito gelados, como sorvetes, que podem causar aquela dor de cabeça repentina conhecida como ‘congelamento do cérebro’. Para pacientes predispostos, isso pode amplificar os sintomas de uma crise.
Outro ponto relevante nos dias atuais é o impacto da luz azul emitida por telas de celulares e computadores. No verão, quando o uso de dispositivos é comum em ambientes iluminados, essa sobrecarga visual pode desencadear episódios de dor. Para isso, o Dr. Eduardo recomenda sempre estratégias de prevenção simples, mas eficazes, como: manter-se hidratado, evitar exposição ao sol nos horários de pico e usar óculos com filtro de luz azul, que têm mostrado resultados positivos. “Outro dado interessante é o uso de tecnologias como óculos de realidade virtual para aliviar sintomas de enxaqueca. Eles criam ambientes relaxantes que reduzem a sobrecarga sensorial, oferecendo alívio durante as crises”, aconselha o especialista.
Para quem gosta de tecnologia, os smartwatches são aliados. Eles monitoram padrões de sono, frequência cardíaca e até enviam alertas para lembrar de beber água, ajudando a controlar possíveis gatilhos.
Esclerose Múltipla
Pacientes com esclerose múltipla enfrentam um agravamento peculiar durante as temperaturas mais elevadas, que podem intensificar sintomas como fadiga, visão embaçada e fraqueza, uma condição conhecida como fenômeno de Uhthoff. “Essa reação ao calor era usada no passado como método diagnóstico, com banhos quentes que desencadeavam os sintomas. Hoje, graças aos avanços médicos, não precisamos mais de métodos tão desconfortáveis”, revela o neurologista.
Segundo o Dr. Cardoso, no mundo moderno, os pacientes têm à disposição dispositivos inovadores, como coletes térmicos e pulseiras refrigeradas, que ajudam a manter a temperatura corporal controlada. Além disso, atividades aquáticas em piscinas climatizadas são altamente recomendadas, oferecendo benefícios físicos sem o risco de superaquecimento.