Seja por algum comentário que cause constrangimento, intimidação, ofensa ou condutas de caráter sexual não consentidas, como toques inadequados e chantagens, o assédio pode causar impactos profundos na vida de uma mulher, afetando a sua saúde mental e física.
Entre os principais danos, pode-se destacar o desenvolvimento de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e baixa autoestima, além de sintomas físicos como dores de cabeça, insônia, distúrbios alimentares e outros problemas decorrentes do estresse. O assédio é uma violência que se perpetua mesmo após o ato, com a vítima podendo restringir sua própria liberdade, na tentativa de evitar determinados ambientes que a exponha a situações de risco.
O assédio não tem hora e nem local: ele pode acontecer bastando existir um agressor em uma situação de poder, encontrando oportunidade para cometer a violência. De acordo com a pesquisa “Women @ Work 2024: A Global Outlook”, da Deloitte, 40% das brasileiras entrevistadas relataram já terem sofrido assédio sexual em seu ambiente de trabalho, enquanto 13% dizem que a violência veio de um colega de trabalho.
Na Bahia, em 2025, já foram registrados 284 denúncias de crimes sexuais, de acordo com o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Esses números reforçam a urgência de medidas preventivas e de acolhimento no dia a dia e, principalmente, em eventos de grande porte, como o Carnaval. De acordo com levantamento do Instituto Locomotiva, 50% das pessoas entrevistadas já foi vítima de assédio sexual durante o Carnaval e 73% tem medo de passar por essa situação na festa.
Assim, pensando em intensificar as ações de combate a importunação sexual que são realizadas durante todo o ano, mas necessitam de fortalecimento para a festividade, a Prefeitura de Salvador, através da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), lançou a campanha “Tô Na Rua, Mas Não Sou Sua”, uma iniciativa que reforça o combate ao assédio e à violência contra as mulheres durante a folia.
A titular da SPMJ, Fernanda Lordêlo, ressalta a importância da mobilização. “O assédio sexual pode acontecer em qualquer situação, causando danos a uma mulher que só ela pode mensurar. Assim, discutirmos o tema e promovermos medidas de combate é essencial para mudarmos essa realidade, ainda mais em grandes festas como o Carnaval. Deste modo, este ano estaremos promovendo uma série de ações, como o desenvolvimento de um canal de denúncias rápidas via WhatsApp, que pode ser acessado por meio de QR Code, além do treinamento de ambulantes para identificarem e denunciarem situações de risco”, destaca.
“É fundamental desenvolvermos ações de combate à importunação sexual, algo que também é realizado através de uma boa comunicação segmentada para diversos públicos, contribuindo para a conscientização sobre o tema. Queremos garantir que todos compreendam a importância desse tema, criar um ambiente onde as mulheres se sintam acolhidas e seguras” reforça a diretora de Publicidade da Secom, Lília Lopes.
Além da capacitação de ambulantes e de um chatBOT de acolhimento e denúncias disponível à população, o Carnaval de Salvador também contará com uma rede de acolhimento às mulheres, como os Centros de Atenção à Mulher, oferecendo apoio psicossocial e jurídico nos circuitos Dodô (Barra/Ondina) e Osmar (Campo Grande/Praça Castro Alves). Essas estruturas atuarão em parceria com a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) e a Guarda Civil Municipal, garantindo uma resposta imediata às denúncias e assistência adequada às vítimas.
A população também poderá encontrar atendimento especializado em espaços como:
-
CRAM Campo Grande – Praça do Campo Grande.
-
CRAM Barra/Ondina – Rua Sabino Silva.
-
Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) – Shopping Barra.
-
Casa da Mulher Brasileira – Caminho das Árvores: acolhimento por equipe multidisciplinar e jurídica, com encaminhamento para delegacias, se necessário.
-
Delegacias Especiais de Área (DEAs): localizadas nos circuitos carnavalescos, permitindo atendimento direto nos locais de festa.
O que se configura como assédio sexual?
-
Comentários de cunho sexual ou piadas inapropriadas;
-
Toques, beijos ou contatos físicos sem consentimento;
-
Convites insistentes, mesmo após recusas;
-
Chantagens sexuais, como promessas de benefícios em troca de favores sexuais;
Como agir em casos de importunação sexual?
-
Acolha com respeito: receba a vítima sem julgamentos;
-
Ouça com atenção: permita que ela se expresse livremente;
-
Ofereça um local seguro: um espaço reservado pode ajudá-la a se sentir protegida e decidir seus próximos passos;
-
Pergunte se ela deseja acionar sua rede de apoio: direcione-a para um dos pontos de atendimento disponíveis.
Para casos de violência física ou sexual, a orientação é acionar o SAMU (192) imediatamente. Em caso de estupro, a vítima deve ser encaminhada à Casa da Mulher Brasileira para atendimento especializado.