Os registros apontam ainda que 13 mulheres viviam algum relacionamento amoroso e quatro eram divorciadas. Em 42 boletins de ocorrência não consta o estado civil da vítima ou a identificam apenas como solteira.
De acordo com explicação da delegada Raquel Kobashi Gallinati Lombardi, presidente do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo, o fato de indicar o estado civil da vítima de feminicídio no boletim de ocorrência pode indicar que o companheiro da vítima seja o possível autor. No entanto, pondera, é preciso analisar as circunstâncias. Por determinações legais, o Governo de São Paulo não divulga informações sobre suspeitos no Portal da Transparência.
Para a advogada Sueli Amoedo, diretora do projeto Justiça de Saia, embora seja comum a reprodução de falas de que o homem sofre com o casamento, “ao analisar a realidade das famílias brasileiras vemos claramente que quem deve temer o matrimônio são só mulheres”.
A advogada avalia que atualmente as mulheres se encontram em uma posição social superior à vivida por mulheres no passado. Porém, diz Sueli, “em relação aos homens, [a mulher] segue tendo de lidar com uma desigualdade que remunera menos e fere, agride, abusa e mata mais”.
O levantamento do R7 também constatou que 40 mulheres mortas por serem mulheres no Estado de São Paulo tinham até 29 anos. Outra grande parcela das vítimas (27) tinha entre 30 e 38 anos — nenhuma vítima tinha 39 anos. Outras 29 mulheres tinham mais de 40 anos, sendo que a mais velha é a aposentada Letícia Barbosa, morta em maio deste ano, no município de Agudos.
As mais novas, ainda adolescentes, eram Maria Eduarda de Lima, que estava em um relacionamento e foi morta em São Carlos; Ana Luísa Ferdinanda Cristina da Silva, que vivia uma união estável e foi assassinada em Sumaré e Yasmin de Souza Fajoli, morta no município de Novo Horizonte (ela não teve o estado civil informado). As três tinham 16 anos.
As cidades que mais tiveram feminicídios entre janeiro e julho deste ano foram São Paulo (18), Campinas (6) e Guarulhos (3). No total, em 59 municípios do Estado pelo menos uma mulher foi assassinada pelo fato de ser mulher.
Entre janeiro de julho deste ano, o número de feminicídios no Estado subiu 12% em relação às 90 vítimas nos sete primeiros meses do ano passado. No mesmo período, o Estado de São Paulo registrou queda nos registros de casos de violência doméstica (como agressões e maus-tratos).
“Isso é um indício que pode demonstrar que esses números que diminuíram são irreais, e pode indicar subnotificações, porque a mulher, por estar em vigilância constante pelo seu agressor no isolamento social, fica impedida de poder denunciar, e quando fala em feminicídios não tem como mascarar”, afirma delegada Raquel. “As mulheres, algumas vezes, não estão nem conseguindo denunciar e já estão sendo mortas”, diz.
O R7 questionou a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo sobre a alta no número de feminicídios. Por meio de nota, a pasta disse que “tem intensificado e investido nas ações de combate à violência contra a mulher e trabalhado para aumentar o número de notificações desses crimes”.
Leia a íntegra da nota da secretaria:
“A SSP tem intensificado e investido nas ações de combate à violência contra a mulher e trabalhado para aumentar o número de notificações desses crimes, inclusive com a criação da DDM online, que permite que as mulheres registrem os casos de violência doméstica pela internet, além da inauguração de novas DDMs, como a de Francisco Morato, fazendo com que São Paulo chegasse à 135 DDMs, sendo que 10 são 24 horas.
O governo de São Paulo também realiza de campanhas para estimular as denúncias. Desde 2019, as mulher vítimas de violência também conta com o aplicativo SOS Mulher, que até o dia 30 de julho, contava com 13.745 usuários cadastrados e aptos a realizarem chamadas de emergência, 980 acionamentos, sendo 63 ocorrências conduzidas ao DP.
As ações permitiram que São Paulo alcançasse a menor taxa de homicídio de mulheres do Brasil, segundo o Atlas da Violência. O índice foi de 2 por 100 mil, em 2018, com queda de 36,3% em relação ao ano de 2008, quando a taxa era de 3,1 por 100 mil mulheres.”
R7
Os registros apontam ainda que 13 mulheres viviam algum relacionamento amoroso e quatro eram divorciadas. Em 42 boletins de ocorrência não consta o estado civil da vítima ou a identificam apenas como solteira.
De acordo com explicação da delegada Raquel Kobashi Gallinati Lombardi, presidente do Sindicato dos Delegados do Estado de São Paulo, o fato de indicar o estado civil da vítima de feminicídio no boletim de ocorrência pode indicar que o companheiro da vítima seja o possível autor. No entanto, pondera, é preciso analisar as circunstâncias. Por determinações legais, o Governo de São Paulo não divulga informações sobre suspeitos no Portal da Transparência.
Para a advogada Sueli Amoedo, diretora do projeto Justiça de Saia, embora seja comum a reprodução de falas de que o homem sofre com o casamento, “ao analisar a realidade das famílias brasileiras vemos claramente que quem deve temer o matrimônio são só mulheres”.
A advogada avalia que atualmente as mulheres se encontram em uma posição social superior à vivida por mulheres no passado. Porém, diz Sueli, “em relação aos homens, [a mulher] segue tendo de lidar com uma desigualdade que remunera menos e fere, agride, abusa e mata mais”.
O levantamento do R7 também constatou que 40 mulheres mortas por serem mulheres no Estado de São Paulo tinham até 29 anos. Outra grande parcela das vítimas (27) tinha entre 30 e 38 anos — nenhuma vítima tinha 39 anos. Outras 29 mulheres tinham mais de 40 anos, sendo que a mais velha é a aposentada Letícia Barbosa, morta em maio deste ano, no município de Agudos.
As mais novas, ainda adolescentes, eram Maria Eduarda de Lima, que estava em um relacionamento e foi morta em São Carlos; Ana Luísa Ferdinanda Cristina da Silva, que vivia uma união estável e foi assassinada em Sumaré e Yasmin de Souza Fajoli, morta no município de Novo Horizonte (ela não teve o estado civil informado). As três tinham 16 anos.
As cidades que mais tiveram feminicídios entre janeiro e julho deste ano foram São Paulo (18), Campinas (6) e Guarulhos (3). No total, em 59 municípios do Estado pelo menos uma mulher foi assassinada pelo fato de ser mulher.
Entre janeiro de julho deste ano, o número de feminicídios no Estado subiu 12% em relação às 90 vítimas nos sete primeiros meses do ano passado. No mesmo período, o Estado de São Paulo registrou queda nos registros de casos de violência doméstica (como agressões e maus-tratos).
“Isso é um indício que pode demonstrar que esses números que diminuíram são irreais, e pode indicar subnotificações, porque a mulher, por estar em vigilância constante pelo seu agressor no isolamento social, fica impedida de poder denunciar, e quando fala em feminicídios não tem como mascarar”, afirma delegada Raquel. “As mulheres, algumas vezes, não estão nem conseguindo denunciar e já estão sendo mortas”, diz.
O R7 questionou a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo sobre a alta no número de feminicídios. Por meio de nota, a pasta disse que “tem intensificado e investido nas ações de combate à violência contra a mulher e trabalhado para aumentar o número de notificações desses crimes”.
Leia a íntegra da nota da secretaria:
“A SSP tem intensificado e investido nas ações de combate à violência contra a mulher e trabalhado para aumentar o número de notificações desses crimes, inclusive com a criação da DDM online, que permite que as mulheres registrem os casos de violência doméstica pela internet, além da inauguração de novas DDMs, como a de Francisco Morato, fazendo com que São Paulo chegasse à 135 DDMs, sendo que 10 são 24 horas.
O governo de São Paulo também realiza de campanhas para estimular as denúncias. Desde 2019, as mulher vítimas de violência também conta com o aplicativo SOS Mulher, que até o dia 30 de julho, contava com 13.745 usuários cadastrados e aptos a realizarem chamadas de emergência, 980 acionamentos, sendo 63 ocorrências conduzidas ao DP.
As ações permitiram que São Paulo alcançasse a menor taxa de homicídio de mulheres do Brasil, segundo o Atlas da Violência. O índice foi de 2 por 100 mil, em 2018, com queda de 36,3% em relação ao ano de 2008, quando a taxa era de 3,1 por 100 mil mulheres.”
R7