Atividades especiais da escola, reforço com ajuda de outros profissionais e apoio da
(e para a) família são fundamentais para que os alunos se readaptem às aulas
O medo e a ansiedade, por parte dos alunos e famílias, pela pandemia e pela volta às aulas 100% presenciais em 2022 já são uma realidade nas escolas brasileiras. Muitas já vêm percebendo os efeitos da pandemia entre os alunos desde a retomada gradual (a partir de maio de 2021) e estão preparadas para o retorno total no ano que vem, principalmente com a reformulação e intensificação de seus projetos pedagógicos e de educação socioemocional.
“A educação socioemocional visa o desenvolvimento de competências como autoconhecimento, autorregulação, autoestima, autonomia e confiança. Bem como desenvolve habilidades de relacionamento com o outro, ética, responsabilidade, paciência e consciência social. Tudo isso faz parte da nossa escola e deve ser não somente retomado em 2022, como intensificado. Já na volta do presencial percebemos a ansiedade de muitos alunos e certos prejuízos no processo de aprendizado. Agora estamos preparados para receber cada aluno de forma mais personalizada e, também, estamos ajudando algumas famílias a superarem os medos”, explica Ana Cleide Almeida, orientadora da Educação Infantil do Colégio Montessoriano (Boca do Rio).
No ano que vem, o processo de acolhimento e readaptação dos alunos será ainda mais cuidadoso no Montessoriano. A escola avaliará cuidadosamente os prejuízos pedagógicos e emocionais de cada aluno. Também fará o nivelamento com o emocional, reforço onde for preciso e, sempre importante, trazendo a família para perto, para parte do processo.
“É incrível o poder de resiliência das crianças. A maioria aderiu ao EAD e, também, retornou ao presencial numa boa. É preciso, porém, estarmos atentos àquelas que chegam descoordenadas, apresentam maior dificuldade de concentração, timidez exagerada etc. Também encontramos certa dificuldade de engajamento das famílias durante a pandemia. Tudo isso nos ensinou novas formas de acompanhar e estimular cada aluno, além de interagir e engajar as famílias. É preciso sempre um atendimento diferenciado para todos”, completa Ana Cleide.
Para Luana Brasil, coordenadora da Educação Infantil e Fundamental 1 do Colégio Montessoriano, devemos aprender com as lições que a pandemia nos trouxe, como o melhor uso das ferramentas da contemporaneidade, por exemplo. “Aprendemos a estar mais bem conectados, interagindo mais e melhor com os alunos e as famílias. Tudo isso deve ser levado em conta na hora de escolher a escola. Não observar somente como trabalha a grade curricular, mas como está atenta a cada grupo, a cada aluno, e como contribui para o desenvolvimento da inteligência emocional das crianças e jovens”.
Priscila Chagas, mãe de Victor Chagas (5 anos, Grupo 5 do Ensino Infantil do Montessoriano), conta que teve uma surpresa positiva com o ensino à distância e que ainda avalia o retorno às aulas presenciais. “O EAD foi bastante satisfatório e transformador. Não achava tão eficaz, por conta da importância do contato social com o professor e os outros estudantes. Porém meu filho ficou dois anos de forma remota e, com o acompanhamento que fiz em todas as aulas, vejo o conhecimento obtido. E olha que ele tinha três anos quando começou! Gostei muito da metodologia e de como a professora agregou os alunos e famílias para o aprendizado; como fizeram a interação através da tela. Porém ainda avalio a retomada 100% presencial por conta desta nova variante… Sou da área de saúde e tenho sido muito cautelosa, preocupada como meu filho vai se comportar. Sei que a escola conduziu bem a transição, com cuidados e protocolos acessíveis, conversas com os pais para construir um alicerce no sentido do socioemocional. Também estou levando em conta o que a professora sinalizou sobre a ansiedade aumentada e uma rispidez que meu filho não tinha. Sei que ele está precisando gastar esta energia. Além de voltar pra escola, o que estou avaliando, talvez ele vá a um psicólogo”, conta.
A mãe de Ana Laura Salomão (10 anos, 6º ano do Ensino Fundamental 1), Cássia Moreira, concorda com Priscila com relação ao ensino remoto, mas está confiante no retorno das aulas de forma presencial. “Considero positiva e bem-sucedida, tanto a adaptação da minha filha à modalidade on line, quanto o desenvolvimento dela e absorção do conteúdo. O papel da escola foi fundamental. Rapidamente a instituição se adaptou ao novo modelo, com muita paciência, competência e assistência às famílias e, especialmente, aos alunos. Já a retomada, além de muito esperada, foi cheia de cautela e, mais uma vez, a escola foi muito acolhedora e optou pelo formato híbrido para melhor segurança de todos. Para o próximo ano, não tenho receio. Acredito que já há uma maior consciência de todos em relação ao vírus e sempre instruímos e orientamos nossa pequena acerca de como deve se comportar. Além disso, percebemos o cuidado da escola para que nossa filha se sinta confortável novamente no ambiente de ensino”, declarou.
Valdirene Silva, mãe de Dandara Silva (10 anos, 5º ano do Ensino Fundamental 1) e José Silva (15 anos, 1ª série do Ensino Médio) também está tranquila com a condução da educação dos filhos e com as aulas presenciais. “Foi um período de grande adaptação, mas meus filhos conseguiram acompanhar as aulas sem grandes problemas e tiveram um bom aproveitamento do aprendizado, inclusive se inteirando das plataformas de comunicação. A escola contribuiu sendo paciente e inclusiva, entendendo as limitações de cada família e de cada aluno. Além disso, ofereceu acompanhamento e orientações com reuniões periódicas sobre os processos do ensino à distância e o andamento para possível retorno presencial. Neste ano, Dandara já havia retornado para o presencial e José ficou estudando de casa. Mas em 2022 os dois irão para a escola. Acredito que será uma retomada tranquila, segura e transparente. Deixando tanto as famílias como os alunos extremamente confortáveis com o retorno, cumprindo todos os protocolos necessários e orientando os alunos sobre as melhores práticas e cuidados que o momento requer. Também fico confortável com a retomada dos projetos de educação socioemocional porque a escola a conduz de forma leve, sem nenhuma espécie de ‘catequese’, respeitando os limites, as vivências e realidades de cada aluno. Uma das coisas que mais me encanta no Monte é o fato das coordenadoras saberem os nomes de cada aluno e seus pais. Isso fortalece esse vínculo e faz com que a escola, cada vez mais, conheça os comportamentos e consiga identificar caso algo esteja precisando de uma atenção especial”, conta.
Projetos de educação socioemocional
De acordo com a orientadora Cleide, os projetos focados no socioemocional costumam observar situações como timidez, ansiedade, sintomas de violência, entre outros, que não faziam parte do histórico do aluno. “Observamos as mudanças que são normais de cada ano, de cada idade, mas ficamos antenados ao que precisa ter mais atenção. Se a autoestima está baixa, começam outros problemas. E, precisando, chamamos a família para conversar sobre o assunto”, explica Ana Cleide.
Entre os projetos da escola, ela cita o “Vivendo valores na escola”, onde cada ano do Fundamental 1 trabalha um grande tema: solidariedade (1º ano), gentileza (2º ano), união (3º ano), amizade (4º ano) e respeito (5º ano). Tudo para desenvolver a amizade, o respeito às opiniões, às diferenças. Esses valores, porém, da mesma forma que os preconceitos (raça, gênero, sexualidade etc.) são trabalhados o ano todo e nas demais turmas. O objetivo é que os alunos vivenciem estas experiências na escola e levem para casa, multiplicando e compartilhando este conhecimento.
Outro projeto é o “Vem cuidar de mim”, onde a cada final de semana um aluno leva o mascote da sala (bichinhos de pelúcia, por exemplo) para casa. Assim trabalham a responsabilidade, a autonomia, o cuidado com o outro etc. E a família também é envolvida, ajudando nestas tarefas e no preenchimento do diário de bordo.
Todos estes enfoques do colégio estão de acordo com o “Líder em Mim (LEM)”, um programa internacional de educação socioemocional adotado pela instituição, focado em promover a mudança comportamental em educadores, crianças e adolescentes, desenvolvendo sua autoestima e autoconhecimento para que se tornem protagonistas de suas vidas e da transformação da sociedade.
Durante a pandemia, o LEM foi trabalhado em lives, uma vez por semana, e a escola percebeu que as famílias escolhiam este momento, especialmente, para estarem com os filhos, participando da aula. “Com o programa, os alunos se tornam mais responsáveis, criativos, autônomos etc. Por outro lado, as famílias nos retornam com a percepção que o programa contribui para que os filhos se tornem melhores cidadãos”, explica Ana Cleide.
Colégio Montessoriano – Sempre preocupado com a formação integral do indivíduo, o colégio vem há mais de 30 anos investindo em um sistema de qualidade que se baseia no desenvolvimento e na capacitação de seus educandos, a fim de enfrentar desafios e impasses impostos pelo novo contexto socioeconômico, as mudanças de paradigmas, bem como o desenvolvimento sustentável que contemple a qualidade de vida. Para tanto, tem a missão de criar condições que qualifiquem o indivíduo, pessoal e profissionalmente através de seus processos educativos entre professor e aluno, de forma participativa e permanente. Crescer em harmonia com o trabalho, representa mais que uma simples preocupação em assegurar aos educandos e educadores as condições essenciais ao pleno desenvolvimento harmonioso das suas potencialidades, mas é um compromisso mútuo no desenvolvimento de um trabalho cotidiano dentro e fora da instituição.
A Proposta Pedagógica do Colégio Montessoriano favorece a formação de indivíduos críticos, seguros, criativos, estimula a atuação do aluno dentro e fora da sala de aula, nas suas relações com técnicos, professores e colegas. Os alunos são incentivados a argumentar, debater e negociar com a intenção de provocar sempre um posicionamento responsável e criativo diante de novas situações que lhes são propostas.
A proposta do colégio tem um cunho sociointeracionista quando se preocupa em articular os conhecimentos e habilidades trabalhadas com a comunidade através de eventos, campanhas, palestras, feiras, debates e outras atividades, capacitando assim, os jovens a enfrentarem o desafio dos novos tempos com atitudes de amor à pátria e abertura ao outro, ou seja, tornando-os sujeitos, que na atuação pública ou privada promovam uma ruptura drástica ou gradual de uma história socioeconômica de exclusão.