Ralph Couto Damazio*
A tecnologia se tornou forte aliada em diversos setores, principalmente no combate à pandemia, uma vez que facilita a interação de diferentes áreas para um objetivo comum: o diagnóstico e o tratamento da Covid-19. Nesse contexto, a inteligência artificial (IA) se tornou uma ferramenta essencial no aprimoramento do trabalho realizado pelas organizações de saúde em todo o mundo. Um exemplo da assertividade e agilidade da IA foi a detecção dos primeiros casos da doença por uma healthtech canadense, nove dias antes do alerta oficial transmitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Após essa constatação do surto, a tecnologia continuou sendo aplicada em prol do diagnóstico, otimizando a tomada de decisão dos profissionais e do governo. Outros exemplos comprovam a eficácia dessa inovação: a inteligência artificial auxilia com exames de imagem, tomografia e raio X, além de ser eficiente na análise de dados de pacientes. É possível utilizá-la para detectar possíveis doenças no setor assistencial, analisando o histórico de um paciente para indicar e prever problemas futuros. Para além disso, pode ser usada para arquivar prontuários eletrônicos, para praticar a telemedicina, entre outras possibilidades, sem jamais substituir o médico, essencial para detecção de fatores externos causadores das mais diversas doenças.
Por meio da IA, em meio de uma situação de pandemia, por exemplo, casos mais graves são priorizados e listados para análise com urgência de um profissional de radiologia, garantindo a segurança do paciente que precisa ser atendido com urgência, sem necessidade de aguardar na enorme fila de espera. Além disso, com o cruzamento de dados, a ferramenta pode detectar comorbidades que agravam o quadro sintomático ou, até mesmo, identificar pessoas que fazem parte de grupos de risco, melhorando e ampliando a avaliação médica e já fornecendo um tratamento alternativo, caso a suspeita de Covid-19 seja descartada.
Apesar desses benefícios, alguns profissionais ainda têm receio de apoiar a utilização de IA com medo de perder seu espaço na área da saúde, mas isso não é verdade, porque o olhar humano sempre será fundamental na tomada de decisão para o tratamento adequado. Outro contraponto é que ainda há espaço para que essa inovação agregue mais valor à medicina, fazendo com que médicos produzam e diagnostiquem mais e com mais precisão.
Ainda assim, é importante ressaltar que, com essa tecnologia há o aumento de celeridade nas análises e no monitoramento de pacientes, pois ela consegue processar e verificar uma quantidade maior de informações, além de garantir a proximidade no acompanhamento de pacientes já diagnosticados. Ademais, com sua aplicação é possível investir menos recursos financeiros, reduzir a taxa de mortalidade, ter resultados mais rápidos e precisos, diminuir a possibilidade de erros médicos, e otimizar a telemedicina.
A inteligência artificial contribui, enfim, para uma medicina com foco na prevenção, bem como no planejamento de cuidados personalizados. As predições são feitas com base em análise de prontuário eletrônico, com cruzamento de histórico clínico, comparação de exames laboratoriais e de imagem, resultando em um diagnóstico preciso. Ou seja, a IA tende a fazer parte cada vez mais da rotina da gestão de medicina diagnóstica, seja para mapear riscos, ou apoiar o acompanhamento de pacientes já diagnosticados.
*Ralph Couto Damazio, gerente de produto de medicina diagnóstica da MV.