Isso acontece porque quando estamos apaixonados uma série de reações químicas são desencadeadas no nosso corpo, nos deixando mais felizes e menos estressados.
Um estudo coordenado pela antropóloga biológica norte-americana Helen Fischer, na Universidade de Rutgers, identificou que diferentes hormônios estão ligados a três momentos do romance: desejo, atração/conquista e ligação.
No primeiro momento, o desejo, é caracterizado pela sexualidade. Com base na evolução, entende-se como a necessidade (instinto) do ser humano de se reproduzir.
Por isso, nessa fase são liberados os hormônios sexuais: testosterona e estrogênio.
Na atração/conquista, já existe a sensação de “recompensa”, com a liberação da dopamina, que está relacionada ao bem-estar. Passar mais tempo com o crush, na maioria dos casos, gera essa satisfação.
Ailton Amelio da Silva, professor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, diz que a paixão é um “estado de espírito”, mas que nem todas as pessoas sentem.
“A paixão é maravilhosa. A pessoa que sente fica alucinada, como se estivesse entorpecida. Muda o ânimo, a pessoa fica para cima, os dias ficam mais bonitos, ela ouve música com mais sentimentos. Há o que a gente chama de pensamentos intrusivos em ela pode pensar no outro o dia inteiro. Também perde o apetite, às vezes, perde o sono.”
A falta de apetite e a insônia estão diretamente relacionadas à produção de outro hormônio, a neuroepinefrina, que nos deixa mais eufóricos e dispostos.
“Essa fase pode durar meses, mas ela é muito baseada na idealização do outro. À medida que você entra em contato [com a pessoa], tende a desfazer-se. Pode virar amor ou pode virar nada”, acrescenta.
A terceira fase, que diz respeito à ligação, ao envolvimento mais prolongado e ao relacionamento propriamente dito tem a liberação de ocitocina e vasopressina mais presentes.
A ocitocina, também chamada de hormônio do amor, é liberada com abraços, beijos e relações sexuais.
Quando você está perto do seu parceiro ou parceira, o corpo produz mais ocitocina, diminuindo os níveis de cortisol, que causa o estresse.
Ou seja, o simples fato de ter o crush por perto neste Dia dos Namorados pode reduzir o nível de estresse.
Além disso, a ocitocina é responsável por gerar uma sensação de segurança e à sensação de apego que faz com que casais se sintam mais próximos após o sexo.
A vasopressina é outro hormônio que se destaca nos organismos de casais que se amam. No entanto, essa substância está mais ligada ao comportamento que produz relacionamentos monogâmicos de longo prazo.
Segundo especialistas do Instituto de Neurociência da Universidade de Harvard, a diferença entre a ocitocina e a vasopressina está associada ao fato de que a paixão tende a diminuir à medida que o apego cresce.
Outro estudo coordenado por Helen Fischer, realizado em 2005, analisou imagens de ressonância magnética do cérebro de 17 pessoas que se identificavam como apaixonadas.
Os pesquisadores identificaram que os participantes que olhavam a foto da pessoa por quem estavam apaixonados ativavam duas áreas do cérebro associadas com a dopamina: o núcleo caudado e a área tegmental ventral.
Apesar disso, excesso de ocitocina e dopamina podem levar a comportamentos nocivos para o relacionamento, como ciúmes, adultérios, comportamentos irracionais e abuso de drogas.
Os médicos psiquiatras Richard Schartz e Jacquelina Olds, professores da Escola de Medicina de Harvard, avaliam em um artigo que há mudanças inevitáveis no amor ao longo do tempo.
O amor apaixonado dá espaço a um amor mais profundo, mas não tão eufórico como o experimentado durante os primeiros estágios do romance.
Em 2011, Helen Fischer participou de um estudo na Universidade de Stony Brook, em Nova York, que descobriu que é possível ficar loucamente apaixonado por alguém mesmo depois de décadas de casamento.
Foram feitos exames de ressonância magnética em casais que estavam juntos havia cerca de 21 anos, em média.
O resultado foi surpreendente. Foram encontradas áreas no cérebro ricas em dopamina na mesma intensidade do que em casais que estavam juntos havia pouco tempo.
A conclusão foi que a emoção do romance pode permanecer enquanto a apreensão do relacionamento é deixada de lado.
Reascender o “fogo da paixão” em relacionamentos mais longos nada mais é do que aumentar os níveis de ocitocina por meio da atividade sexual, avaliam os pesquisadores.
Além dos aspectos fisiológicos, o sociólogo canadense John Allan Lee desenvolveu uma teoria chamada de “As cores do amor”, que classifica o sentimento de acordo com algumas características específicas.
Entre os padrões estão o Eros (vermelho), sujeito à paixão avassaladora, o Ludus (azul), marcado pelo prazer a curto prazo, e o Stroge (amarelo), que busca afeição e companheirismo e precisa da amizade antes de firmar um relacionamento. Além desses, há outros três subtipos.
R7