A Academia da Polícia Civil da Bahia (Acadepol) iniciou, nesta segunda-feira (26), uma capacitação para aproximadamente 210 servidores da 1ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Feira de Santana). O projeto, intitulado ‘Acadepol T&D – Procedimentos e protocolos básicos da atuação policial’, é realizado até quinta (29) em Feira.
O treinamento, que já acontece de maneira pontual em Salvador, está sendo expandido para o interior e teve, neste ano, Feira de Santana como primeira sede. Serão seis módulos, que totalizam 34 horas/aula: Atendimento em unidades policiais; Instrução Normativa; Protocolo de atendimento a grupos vulnerabilizados; Desconstruindo mitos e preconceitos sobre adoecimento psíquico; Serviço de Investigação em Local de Crime (SILC); Protocolo de atendimento a casos de feminicídio; e Tiro.
A abertura da capacitação contou com a presença da Delegada-Geral, Heloísa Campos de Brito, e da Diretora do Departamento de Polícia do Interior (Depin), Rogéria Araújo. A gestora da Polícia Civil da Bahia destacou a necessidade de que o servidor se mantenha atualizado e pronto para prestar o melhor serviço possível à população em geral e também aos grupos vulnerabilizados – como vítimas de racismo e intolerância religiosa, LGBTQIA+ e pessoas com deficiência.
“É preciso, sim, um outro olhar, um outro cuidado no atendimento às pessoas que fazem parte destes grupos. Este protocolo foi desenvolvido com muito cuidado dentro da Academia de Polícia, já foi implementado em algumas unidades, e o nosso desejo é o de que ao longo do tempo seja implementado em todas elas – começando pelas Coordenadorias e seguindo pelas nossas unidades menores. Foi um trabalho feito com colegas delegados, investigadores, escrivães e com estudiosos deste tema. Os senhores vão conhecer um pouco mais de como, mudando pequenos detalhes, podemos acolher estes indivíduos que demandam os nossos serviços”, declarou a Delegada-Geral.
Heloísa Campos de Brito também pediu especial atenção dos servidores à disciplina que trata sobre saúde mental – tema especialmente atual em relação à atividade dos policiais brasileiros. “É um dado de realidade: a nossa forma de enxergar a vida, de trabalhar, de lidar com os nossos problemas pode nos adoecer. As doenças psíquicas estão em toda a sociedade, em todas as profissões. E se a gente escolhe uma profissão como a nossa, em que nós vamos lidar com situações de conflito ou expor a nossa vida, nós precisamos nos cuidar. E isso implica fazer coisas que a gente gosta, ter momentos de lazer, trabalhar a sanidade mental, a nossa espiritualidade, nosso equilíbrio, mas também implica procurar os serviços médicos e psicológicos disponíveis. Nós precisamos estar bem para poder promover o bem do outro”, acrescentou.
Outro tema importante abordado no Acadepol T&D é o protocolo do feminicídio, criado em uma parceria da Secretaria de Segurança Pública (SSP) com a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), e que vem sendo objeto de constantes reuniões de aprimoramento. A Delegada-Geral ressaltou a urgência com que a Polícia Civil tem tratado o tema.
“Nós, mulheres, ainda somos vítimas de violência doméstica, quando o outro acha que pode mandar em nossos corpos, na forma como nos vestimos, como nos manifestamos, na escolha de nossas profissões. É preciso, então, que tenhamos cuidado com isso e que quebremos essa cultura do machismo inserido em nossa sociedade. Precisamos aplicar o protocolo no sentido de fazer uma investigação cada vez mais eficaz, mas também que nós, nos nossos âmbitos familiares e de amizade, possamos destruir a cultura machista na qual o homem é incentivado, desde crianças e adolescentes, a ter poder sobre o corpo de uma mulher”, analisou.
Durante a tarde, Heloísa Campos de Brito visitou o Complexo de Delegacias de Polícia de Feira de Santana, no bairro Sobradinho, a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), no Centro, e o Complexo de Delegacias Investigador Bandeira, no conjunto Jomafa.