A Polícia Civil e o MPE (Ministério Público Estadual) de São Paulo investigam a participação de policiais e agentes penitenciários no esquema de cooptação de advogados para colaborar com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Indícios de envolvimento de agentes públicos surgiram nos primeiros depoimentos prestados por 34 dos 37 suspeitos presos na operação, desencadeada nesta segunda-feira (21). As investigações podem incluir agentes públicos com foro especial, conforme nota do Deinter 8 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), com sede em Presidente Prudente.
De acordo com a nota, todos os indícios encontrados, com participação de agentes públicos ou particulares, serão investigados. “Assim, quando conectados com a investigação em curso, serão acrescidos aos autos da investigação. Todavia, tratando-se de crimes autônomos, as provas produzidas, com autorização judicial e concordância do Ministério Público, serão compartilhadas com as autoridades com competência para investigar e processar.”
Conforme o Deinter, além dos depoimentos, o grande volume de material apreendido durante as buscas está sendo analisado e periciado por uma força-tarefa do Instituto de Criminalística, constituída para a operação. Em razão da grande quantidade de documentos, os delegados vão pedir a prorrogação das prisões temporárias por mais cinco dias. “Todos os advogados presos já foram interrogados, tiveram conhecimento das acusações e provas produzidas, bem como assegurado o direito à defesa técnica”, informa a nota. Segundo o Deinter, eles continuarão recolhidos em razão do interesse das investigações.
O inquérito principal, aberto há um ano e meio, com mais de 20 volumes, apura crimes cometidos por presos da facção e demais integrantes que atuavam em liberdade. Até agora, são 55 investigados, mas o número pode aumentar. A operação foi cuidadosamente preparada para evitar vazamentos. Os policiais civis designados para fazer as prisões só foram avisados no dia anterior de que deveriam estar a postos na madrugada de terça-feira.
OAB
A ação surpreendeu até os integrantes da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Avisado com a operação pronta para ir a campo, o representante da OAB em Presidente Prudente chegou a pedir para examinar os mandados de prisão. Ao verificar que estavam em ordem, acatou o pedido para que designasse dirigentes para acompanhar a operação.
Os advogados presos atuavam em penitenciárias controladas pelo PCC. Eles recebiam dinheiro para servir como elo entre integrantes da facção e os que estavam em liberdade. Um advogado recebia R$ 15 mil mensais para ficar “à disposição” do PCC. O dinheiro, proveniente do crime, era depositado em sua conta bancária.
Uma advogada foragida, cujo nome não foi divulgado, foi presa na tarde de ontem, em um rancho de Presidente Epitácio, região oeste de São Paulo.
R7