A diretora-geral da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Brasil, Susana de Deus, afirmou nesta quarta-feira (3) que o agravamento dos conflitos atuais vem colocando em risco profissionais de saúde que atuam nas frentes de batalha, tornando ainda mais difícil o trabalho de entidades humanitárias. “Nosso principal desafio é a complexidade dos conflitos atuais, a dificuldade de acesso às populações, muitas delas encurraladas entre várias frentes de combate. Há também o desafio da falta de segurança nos Estados que não respeitam o direito internacional humanitário e que continuam a bombardear hospitais, mercados e localidades com civis”, afirmou durante o lançamento do Guia de Fontes em Ajuda Humanitária, no Rio de Janeiro. Segundo a Agência Brasil, o manual traz os contatos de organizações, agências multilaterais e órgãos governamentais atuantes em cenários de guerra, seja em campo ou em fóruns internacionais, e de pesquisadores em centros de estudos e universidades no Brasil especializados em temas relacionados à ajuda humanitária. Em 2016, ocorreram 50 bombardeios e ataques de artilharia contra 21 hospitais do MSF ou a instituições apoiadas pela entidade, sendo 19 na Síria e dois no Iêmen. Em 2015, o quadro foi ainda mais grave, com 106 bombardeios e ataques a 75 hospitais próprios ou apoiados pelo MSF, dos quais 63 na Síria, cinco no Iêmen, cinco na Ucrânia, um no Afeganistão e um no Sudão. “O que está acontecendo hoje é extremamente grave. Nos últimos dois anos, morreram vários profissionais de saúde, e não só do Médicos Sem Fronteiras. Na Síria, foram mortos tantos médicos que as cidades ficaram sem acesso à saúde”, disse Susana. Segundo a diretora da organização, a receita para trabalhar em condições extremas de segurança é seguir um protocolo baseado em logística que garanta o atendimento mesmo em regiões com guerras abertas.
Bahia Notícias