O período de férias é a oportunidade perfeita para relaxar e explorar novos lugares com a família. No entanto é crucial estar alerta para prevenir acidentes e outras circunstâncias indesejadas. De acordo com o Ministério da Saúde, em comparação com o restante do ano, o Brasil registra um aumento de 25% nos acidentes domésticos durante as férias. No trânsito, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) destaca que, em média, o total de ocorrências sobe 20% em dezembro e janeiro, devido ao aumento do tráfego de veículos.
Acidentes podem resultar em danos físicos significativos, incluindo lesões como distensões e contusões, além de lesões mais complexas, como fraturas e luxações. Flaviane Ribeiro, fisioterapeuta e coordenadora de Reabilitação da Clínica Florence Unidade Salvador, destaca que traumas graves ocasionados nessas situações também podem levar a uma série de desafios emocionais, como depressão, ansiedade ou transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
A especialista destaca que é fundamental disponibilizar um processo de reabilitação adequado e consistente para a recuperação das vítimas. Ela ressalta que a reabilitação auxilia os pacientes a retomarem sua independência física, emocional e funcional, por meio de um processo multidisciplinar que visa: restaurar a função para maximizar a autonomia e adaptar às limitações remanescentes para promover uma melhoria significativa na qualidade de vida dessas pessoas.
“O processo de reabilitação foca no empoderamento do paciente, ajudando-o a assumir um papel ativo em sua recuperação e na tomada de decisões sobre os cuidados. Além disso, o apoio de uma equipe multidisciplinar, incluindo psicólogos e psiquiatras, é essencial para ajudar os pacientes a lidarem com questões emocionais e psicológicas e permite que enfrentem melhor as dificuldades da recuperação e melhorem sua confiança, assim como o engajamento”, aponta Flaviane Ribeiro.
Etapas da reabilitação
A especialista ressalta que o processo de reabilitação está dividido em algumas etapas, entre elas: a reabilitação cognitiva e a reabilitação física. “Com a orientação de neuropsicólogos e terapeutas ocupacionais, a reabilitação cognitiva, é importante para ajudar o paciente a recuperar funções cognitivas, como memória, atenção, resolução de problemas e habilidades de comunicação. Já a reabilitação física, sob a orientação de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, trabalha para restaurar a força, a flexibilidade, a mobilidade e a coordenação do paciente”, esclarece.
A fisioterapeuta também destaca a reabilitação de traumas complexos, que incluem lesões neurológicas e/ou ortopédicas. Ela descreve o processo como desafiador, afinal, envolve a recuperação de funções comprometidas em um cenário que pode variar muito de paciente para paciente. “Esses desafios exigem não apenas uma abordagem multidisciplinar, mas também uma combinação de persistência, apoio emocional e estratégias personalizadas com foco na adaptação do paciente às novas condições e a promoção de sua recuperação plena”, reforça.
Lesões ortopédicas graves, a exemplo das fraturas complexas, ou lesões neurológicas, como lesões medulares e traumatismos cranianos, geralmente requerem um tempo longo de recuperação. A coordenadora de Reabilitação da Clínica Florence salienta que o processo de cura nesses casos pode ser demorado e o progresso nem sempre será linear.
Flaviane Ribeiro também destaca a importância do cuidado centrado na pessoa, que permite a participação ativa no planejamento e execução do plano terapêutico. “A equipe multidisciplinar trabalha em parceria com o paciente e a família, levando em conta suas necessidades e preferências, o que favorece a tomada de decisões e aumenta a adesão à reabilitação. Esse empoderamento contribui para um sentimento de participação sobre sua recuperação, o que tem efeitos positivos no progresso”, finaliza.