A recusa de acesso ou atendimento em lugares públicos ou abertos ao público; declarações ofensivas direcionadas a um indivíduo ou a um determinado grupo por razões de raça; qualquer aversão a crenças religiosas, culturas, idiomas, roupas, costumes e tradições de um indivíduo são considerados discriminação racial, portanto, crime. Na maioria dos casos, esse tipo de ação, comportamentos e falas são velados e passam despercebidos. Possibilitar que todos tenham oportunidades é uma das formas mais efetivas para combater esse tipo de discriminação, historicamente limitada a grupos específicos.
Professora do curso de Relações Internacionais e coordenadora do Centro de Serviços ao Migrante da UNIFACS, Rafaela Ludolf pontua que, no ambiente acadêmico, para além de formar indivíduos para ingressar no mercado de trabalho, as unidades de ensino superior devem oferecer uma formação atenta à diversidade e a pluralidade presentes nas sociedades.
“A vida moderna permeia o trabalho e a universidade prepara a ponte para novos espaços sociais. Por isso, o papel das academias é fundamental na construção do ser social livre de preconceitos e pronto para ressignificar o mundo e seus estigmas”, salienta a especialista ao lembrar que, nesse domingo (03), é celebrado Dia Nacional de Combate à Discriminação Racial, uma referência à aprovação da primeira lei brasileira contra o racismo, em 1951. O crime que está relacionado a comportamentos ou fala de distinção, exclusão, restrição ou preferência por determinada raça, nacionalidade, ascendência, cor ou etnia.
Como agir
Questionada sobre como todos os cidadãos podem agir para combater a discriminação racial, Rafaela é taxativa: “É preciso criar consciência, educar, seguir vigilantes e denunciar casos. É um processo difícil e mais lento do que gostaríamos. Por isso, todos nós, desde instituições educacionais a canais de comunicação, devemos agir”. Para a professora, “os paradigmas que nos trouxeram aqui foram socialmente construídos por anos de pensamentos deturpados, mas a coisa bonita dessa mesma sociedade é que ela está em constante ebulição e transformação”. Sendo assim, “somos capazes de desconstruir, reconstruir e ressignificar”.
UNIFACS contra a discriminação racial
De acordo com Rafaela Ludolf, no âmbito da UNIFACS, atualmente, há 25 projetos de extensão onde temas ligados ao Combate à Discriminação Racial são abordados de forma direta e indireta, tendo a diversidade socioambiental como um de seus valores básicos. Por promover ações que valorizem a diversidade, a não violência e os direitos individuais e coletivos dentro e fora do ambiente acadêmico, a instituição possui certificações.
A professora salienta que a UNIFACS foi a primeira universidade de Salvador a ganhar o Selo da Diversidade Étnico-Racial em 2017, certificação concedida pela Prefeitura Municipal para reconhecer ações de promoção da equidade racial nas políticas de gestão de pessoas e marketing das organizações públicas, privadas e da sociedade civil.
Entre as iniciativas que levaram à conquista do selo está a implantação do Comitê Gestor da Diversidade, Direitos Humanos e Cultura da Paz, que atua desde 2016 e é formado por representantes da sociedade civil, professores, colaboradores e estudantes. Um espaço multidisciplinar que se debruça sobre o tema e desenvolve políticas voltadas à inclusão étnico-racial na instituição.