Com a mudança da presidência da Petrobras, anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), na sexta-feira (19), muitos investidores que têm ações da petroleira ou fundos de investimentos atrelados ao seu desempenho ficaram aflitos.
As dúvidas que pairam no ar são: quem tem ações deve vender, manter ou comprar mais? E como ficam os fundos de investimentos ligados à companhia?
Nesta terça-feira (23), as ações da Petrobras subiram 12% após derrocada da véspera. A PETR3 fechou em R$ 23,48 (alta de 8,96%) e a PETR4 a R$ 24,06 alta de 12,17%, recuperando parte da forte queda da véspera (baixa de 20%).
Especialistas ouvidos pelo R7 Economize foram unânimes ao dizer que o momento é de cautela e “sangue frio” e que “o melhor é esperar”.
Miguel José de Oliveira, diretor executivo da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), diz que, se puder, mantenha o dinheiro aplicado nas ações.
Oliveira destaca que a mesma análise vale para outras empresas estatais que têm ações na bolsa: Banco do Brasil, Eletrobrás e BR Distribuidora, por exemplo.
Para Juliana Inhasz, professora de economia do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), o momento é de turbulência, mas a Petrobras é uma companhia historicamente sólida.
A professora acrescenta que o general Joaquim Silva e Luna, indicado para assumir o cargo de presidente da Petrobras, aparentemente é um profissional competente e já foi elogiado pelo ex-presidente da República, Michel Temer.
“Então, não acredito que a mudança será um fiasco”, pondera Juliana.
Ao saber sobre a nomeação, Temer disse que “o Brasil e os acionistas vão se surpreender positivamente com Joaquim Silva e Luna na presidência da Petrobras”.
Assim como Oliveira, Juliana acredita que não é o momento de vender as ações.
“O ideal é respirar fundo e pensar que estamos falando de uma empresa sólida e que vem se valorizado nos últimos anos. Quem entra nesse mercado tem de ter sangue frio.”
Para Juliana, quem tem o perfil mais arrojado gosta de arriscar e tem um dinheiro disponível para o longo prazo, é o momento para comprar ações.
Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da FGV (Fundação Getulio Vargas), também orienta o investidor a não vender as ações.
Teixeira pontua alguns aspectos para o investidor:
• Se precisar do dinheiro a curto prazo, a saída (mesmo com algum prejuízo) pode ser uma alternativa. Entrar em outro investimento de risco, nesse caso específico, não seria o indicado;
• Se precisa do dinheiro a longo prazo, pode avaliar manter o investimento, sabendo que tanto pode valorizar, quanto desvalorizar mais. A decisão tem que ser pessoal, dependendo do perfil psicológico do investidor.
• O mercado de ações é volátil. Comprar o vender deveria ser precedido de um bom estudo. Mas, a princípio, vai haver a retomada da economia mundial pos-pandemia. A questão a ser respondida é: quando.
• Quando ocorrer, quem tiver adquirido ações em baixa agora poderá auferir bons lucros. Mas há necessidade de analisar caso a caso.
Com os mercados em queda, dificilmente quem possuía a ação irá conseguir algum preço aceitável nesse primeiro momentom segundo Ilan Arbetman, analista Research Ativa Investimentos.
Para o analista, “quem está de fora deve permanecer de fora”.
As mudanças nos fundamentos se estendem ao país, uma vez que mercados como juros e câmbio também sofrem abalos por conta da mudança de sinalização/posicionamento adotado pelo executivo, esclarece ele.
“Dessa forma, não é indicado entrar num momento onde o nível de volatilidade do mercado se encontra exacerbado”, finaliza Arbetman.
R7