Parceria firmada entre a Caixa Econômica Federal, a Associação Brasileira de Franchising (ABF) e a seccional regional do Rio de Janeiro da entidade (ABF Rio) vai apoiar financeiramente o setor de franquias nacional, que tem enfrentado prejuízos significativos devido à pandemia do novo coronavírus. O acordo começou a ser construído há 60 dias, na fase mais aguda da crise, e deverá atender, em especial, os micro e pequenos franqueados, que constituem a maioria do sistema de franquias do país, disse hoje (18) à Agência Brasil o vice-presidente da ABF, Antonio Moreira Leite.
A partir da análise dos dados dos franqueados e franqueadores, a Caixa pôde fazer um rating (classificação) de crédito e prover um crédito assistido para os diversos segmentos do franchising. Moreira Leite explicou que isso não significa apenas o micro e pequeno empresário ter acesso ao crédito, mas contar com assistência de técnicos da Caixa para que a utilização dos recursos seja bem direcionada para a preservação dos negócios. Lembrou que o sistema de franchising é um empreendedorismo assistido.
Linhas específicas
Com o acordo, criou-se um fluxo de atendimento específico para as franquias associadas à ABF, onde os franqueados, por meio de seus franqueadores, têm acesso ao portal da Caixa, onde todo o fluxo de cadastramento de dados é feito digitalmente e a Caixa direciona os gerentes para atendimento aos franqueados. Foram criadas linhas específicas de financiamento para o franchising, informou o vice-presidente da ABF.
Uma dessas linhas tem custo médio de 0,83% ao mês, atrelado à Taxa de Referência (TR), prazo de pagamento de 60 meses e três meses de carência. Essa linha é destinada a empresas com faturamento anual acima de R$ 360 mil. Outra linha de crédito pré-fixada, voltada a micro e pequenas empresas (MPEs) tem juros a partir de 1,40% ao mês, prazo de 48 meses e carência automática de três meses. O pacote de benefícios inclui também Cartão Empresarial com isenção da primeira anuidade; Cheque Empresa com taxa de 8,9% ao mês; capital de giro com 28% de desconto em relação à taxa de balcão e desconto de 50% durante seis meses na adesão à Cesta de Serviços nova ou expansão de cesta existente. A concessão dos recursos é sujeita à análise de crédito.
Universo
O franchising brasileiro engloba hoje 3 mil franqueadores e mais de 161 mil unidades em operação, responsáveis pela geração de 1,361 milhão de empregos diretos e 5 milhões indiretos, e está presente em mais de 40% dos municípios do país. O setor registrou faturamento de R$ 186,7 bilhões, no ano passado.
Na fase pré-covid-19, essas 161 mil unidades franqueadas tinham faturamento médio de R$ 95 mil por mês, cada. “Se a gente considerar esse faturamento médio das franquias no território brasileiro, a gente está falando de um faturamento médio anual em torno de R$ 1,2 milhão, que não só torna os franqueados elegíveis ao financiamento da Caixa, como também a acessar o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe)”. A Caixa foi o primeiro banco do país a anunciar que tornou o Pronampe operacional, através da linha de crédito GiroCaixa, destacou Leite.
“Essa parceria com a Caixa veio no momento oportuno, pelo atendimento diferenciado em ambiente digital; por poder, a partir de análise de crédito e rating, entender que o sistema de franquia tem esse perfil de crédito relativo melhor do que a média do mercado; e, por fim, com o nascimento do Pronampe, poder ser também um conector dos micro e pequenos franqueados a essa importante linha chancelada pelo governo federal”, manifestou o vice-presidente da ABF. Moreira Leite diz acreditar que deverão ser atendidas mais de 70 mil unidades espalhadas pelo Brasil.
Para o diretor da estratégia de Varejo da Caixa, Jeyson Cordeiro, a parceria posiciona a instituição em um dos setores mais estratégicos do mercado, “permitindo às franquias e seus franqueados acesso ao crédito com taxas justas neste momento de grande necessidade”.
De acordo com pesquisa da ABF, a demanda de crédito das redes de franquia associadas à entidade totaliza cerca de R$ 3,7 bilhões. Olhando a perspectiva do franqueado, a estimativa é que a demanda média de crédito por unidade seja da ordem de R$ 93 mil. Em média, cada rede de franquia tem 53 franqueados.
Impactos
Segundo revelou Moreira Leite, os diversos segmentos do franchising nacional tiveram, durante a pandemia, impactos negativos diferenciados. O maior segmento em número de redes e de unidades é o de restaurantes. Aqueles que conseguiram se manter abertos e atuando pelo sistema de entrega direta ao cliente tiveram seu faturamento médio atingindo 20% do que era na fase pré-crise. Moreira Leite analisou que “qualquer empresa que opere com sua receita próximo de 20% do original é uma empresa que opera, em larga escala, em prejuízo”.
Outros setores bastante afetados foram o de educação, que teve que se reinventar a partir do ensino à distância e que experimentou evasão no número de alunos matriculados; o de beleza e bem-estar, que embora ofereça tratamentos individualizados, está, em sua maioria, fechado até hoje; e o de turismo e hotelaria, também paralisado desde o início da crise.
Agência Brasil