O bicampeão olímpico Bernardinho disse que ainda está “um pouco perdido” desde que anunciou sua saída do cargo de treinador da seleção masculina de vôlei. Ele despediu-se da função após comandar o time nacional nos Jogos Olímpicos do Rio-2016 na conquista do terceiro ouro olímpico da história da modalidade no país entre os homens.
Atualmente, comanda o Rio de Janeiro, time que disputa a Superliga feminina. Em entrevista à repórter Maíra Nunes, do Correio Braziliense, revelou que já recebeu diversas propostas desde que largou a seleção. Mas não tem um destino certo.
“Confesso que estou ainda um pouco perdido. É sofrido para mim. Todas as pessoas que eu encontro na rua me agradecem, mas dizem que estão chateadas pela minha saída. É uma espécie de luto, mas faz parte”.
“Eu estou em um momento diferente. Quanto ao meu futuro, a gente tem um time [o Rio de Janeiro, que disputa a Superliga feminina] para cuidar e um projeto para continuar. Também quero continuar estudando, aprendendo e inspirando pessoas. Eu tive alguns convites de fora com a notícia da minha saída da Seleção, muito sedutores financeiramente, mas que não me interessam. Não vou deixar uma grande equipe como é a Seleção Brasileira para treinar um outro grande time na Europa. Que sentido tem? Se fosse assim, continuaria na Seleção. Só a possibilidade de treinar um time universitário nos Estados Unidos me interessou mais, porque teria a questão de juntar educação, área acadêmica e esporte. Pelas meninas, filhas, poderia ser uma oportunidade interessante também.
A repórter também perguntou a Bernardinho sua opinião sobre o legado olímpico deixado pela Rio-2016 – assunto sobre o qual o UOL Esporte publicou um vasto matéria e você pode ler aqui.
Bernardinho disse: “Nosso país não tem um patamar de renda que sustente grandes arenas. Nem o futebol, quem dirá o esporte olímpico. O grande legado que as pessoas não sabem entender e explorar é que os nossos jovens não têm perspectiva nem esperança. Por isso que o legado são as três medalhas do Isaquias ou o ouro da Rafaela Silva. Quem diria que a menina que saiu da Cidade de Deus, tão violenta e tudo, conseguiria essa façanha. Ela mostra que é possível, com disciplina, planejamento e investimento correto. É o Serginho com quatro medalhas olímpicas saindo da periferia de São Paulo. Esse é o verdadeiro legado. As obras, infelizmente, são excessivas para um país que não tem condições de mantê-las. Então, tinha que ser tudo temporário”.
uol