Se o automóvel tem problema durante a garantia, a culpa é do motorista ‘barbeiro’, do combustível, do cocô do passarinho… Separamos as alegações mais comuns.
Desgaste natural
Argumento campeão é o desgaste natural de embreagem, amortecedor, pastilhas de freio, pneus etc. Ninguém ignora que determinados componentes não têm vida eterna e devem mesmo ser substituídos ao final de sua vida útil. Mas o que define essa “vida útil”? Pneu dura 40 mil ou 80 mil km? E a embreagem? Não há dúvida de que podem durar mais ou menos de acordo com o estilo do motorista, ou condições da estrada ou peso carregado.
Mas as fábricas se valem disso para se defender diante de um componente que se desgastou prematuramente e difícil de se determinar de quem a culpa: incompetência do motorista ou falta de qualidade da peça? Mas, muitas vezes o desgaste anormal se deu num grande volume de carros. Todos eles são dirigidos por “barbeiros”? A solução para estes casos, que muitas vezes vão parar na Justiça, é a emissão de um laudo técnico por um perito judicial para se determinar o culpado.
Terceirização
As fábricas “decidiram” ter o direito de transferir responsabilidade para seus fornecedores. E o fazem com pneus, baterias, equipamento de som e outros. O dono leva o carro à concessionária alegando um problema e ela sequer se enrubesce de encaminhá-lo, por exemplo, a uma loja do pneu. Mas esta alega que a culpa é da suspensão desalinhada e o manda de volta à concessionária. E não se resolve o jogo de empurra…
Homologado
A concessionária instala um acessório não homologado pelo fabricante e jura para o cliente que não há problema. E honra a garantia do automóvel. Mas, um belo dia, o carro é levado à oficina de uma outra concessionária, que nega a garantia exatamente em função daquele componente. E a fábrica tenta também se eximir, esquecendo-se de que seu logotipo está dependurado lá na fachada da concessionária. Vários desses casos são resolvidos na Justiça. Em geral, em favor do dono do carro.
Vício oculto
O problema pode ser detetado assim que o carro deixa o show-room. Outros, porém, podem surgir apenas depois de dezenas de milhares de km e de vencida a garantia. A fábrica tem consciência de sua culpa no cartório pois o defeito se apresenta num grande volume de unidades produzidas. Mas se faz de desentendida e alega que o carro “está fora do período de garantia”. Se o freguês sempre leva o carro para revisão na concessionária, a fábrica dá uma de “boazinha” e concede como “cortesia” o reparo. Casos frequentes são defeitos no motor ou caixa em elevadas quilometragens, por falta de qualidade de um componente ou de projeto. Até as fábricas de carros premium dão de ombros e não assumem sua responsabilidade.
Na calada da noite
É frequente o carro zero km sofrer avarias antes de ser entregue ao freguês. Pequenas esbarradas ao manobrar, carregar ou descarregar na “cegonha” ou chuva de granizo podem deixar marcas na pintura. A própria fábrica costuma efetuar o reparo, ou a concessionária. Mas é impossível igualar a pintura original depois que o carro deixou a linha de montagem com revestimentos, cabos elétricos e equipamentos.
reparo é realizado sigilosamente e não informado ao comprador. Depois de dois ou três anos começam a surgir “inexplicáveis” manchas na pintura. A culpa? Dos passarinhos nas árvores sob as quais o dono estacionava o carro…
Mau uso
A culpa do defeito pode também ser atribuída ao mau uso do carro. Se não é o dono, é seu filho que “topa pegas” à noite ou se envereda por trilhas no final de semana. Ou do combustível adulterado. Excesso de peso, de velocidade ou de buraco na estrada entram também na criativa lista “negra” das concessionárias.
R7