Em meio à onda de calor e às altas temperaturas, características desta época do ano, as pessoas com Esclerose Múltipla (EM) tendem a se queixar do surgimento de sintomas como fadiga, dormência, alterações visuais ou fraqueza. Estes sintomas surgem porque a temperatura elevada prejudica ainda mais a capacidade dos nervos desmielinizados de conduzir impulsos elétricos.
De acordo com a neurologista Dra. Roberta Kauark, qualquer sintoma de Esclerose Múltipla pode ser muito pior no calor. É possível, inclusive, que sintomas novos e desconhecidos apareçam. Além dos já citados, também é comum o surgimento de: entorpecimento nas extremidades, visão turva, tremor, fraqueza e problemas cognitivos.
“Isso acontece porque a Esclerose Múltipla pode resultar em lesões no cérebro, nervos ópticos e medula, o que retarda a capacidade de funcionamento das áreas afetadas, e o calor atrasa ainda mais a transmissão do impulso nervoso nestas regiões”, explica.
Os sintomas podem ser muito incômodos, como formigamento nos pés, até debilitantes, como fadiga ou fraqueza grave.
De modo geral, conforme a especialista, o calor é responsável por piorar sintomas que a pessoa já teve anteriormente. Assim se o indivíduo teve uma erupção cutânea que melhorou, o calor pode trazer à tona este sintoma novamente.
Além do tempo quente, banhos, saunas e banheiras quentes também são fontes de calor que podem causar problemas para alguém que vive com EM. “Estas fontes podem desencadear um fenômeno conhecido como ‘pseudo exacerbação da Esclerose Múltipla’, que é a experiência de ter sintomas que aparecem ou pioram devido à exposição ao calor”, aponta.
Segundo Dra. Roberta, esse agravamento é temporário e tende a ser resolvido quando o corpo esfria. Existem técnicas simples de resfriamento que podem ajudar, como ficar em um ambiente com ar-condicionado durante períodos de calor e umidade extremos, usar produtos de resfriamento como coletes, envoltórios de pescoço de resfriamento ou bandanas molhadas durante exercícios ou atividades ao ar livre.
“Além disso, também é indicado o uso de roupas leves e soltas, ingestão de bebidas frias ou picolés/sorvetes, manter-se hidratado, incluindo isotônicos contendo eletrólitos. Já para pessoas que se exercitam ao ar livre, é indicada a escolha de horários mais frios do dia, como nas primeiras horas da manhã ou à noite. Tomar banhos frios também é uma medida importante para ajudar a reduzir a temperatura corporal após a atividade ou exposição a um ambiente quente”, orienta a neurologista.