Até o final do ano passado, a promoção de migração ilegal de maiores de 18 não era crime, e também por isso muitas famílias só reportavam desaparecimentos ao Itamaraty, e não às autoridades policiais. Com o monitoramento, a Polícia Federal percebeu o número alto de mortes, como explica o coordenador da Operação Piratas do Caribe, dr.Raphael Baggio de Luca.
— Monitoramos durante a investigação até para ver se as medidas cautelares [aplicadas aos coiotes suspeitos do desaparecimento dos 12 brasileiros] estavam efetivas e verificamos que a média é de um brasileiro falecido por mês, seja via Bahamas seja via México.
O delegado exemplifica com a história de um rapaz que iria embarcar no mesmo grupo dos 12 brasileiros que sumiram em novembro de 2016. Ele não conseguiu embarcar. Mesmo sabendo que seus amigos tinham provavelmente morrido durante a travessia tentou outra rota e também morreu.
— Esses 12 tentaram travessia em novembro de 2016. Um amigos de algumas pessoas que estavam no grupo não conseguiu embarcar em São Paulo para essa travessia e desistiu dessa travessia. Mas depois disso, por volta de março, tentou a travessia via México e morreu. Fizemos a exumação do corpo dele para colocar no inquérito para ver se tinha envolvimento da mesma organização. O que é importante dizer é que as pessoas não se conscientizam o quão perigoso é. É preciso que as pessoas se conscientizem do risco. É preciso expor os riscos.
Só uma organização criminosa, a suspeita do desaparecimento dos 12 brasileiros, levava em média 150 pessoas para os Estados Unidos por ano, sendo 30 menores de idade.
R7