Há exatos dois anos, em 19 de janeiro de 2021, a tão esperada vacina contra a Covid-19 chegava na Bahia. A cerimônia simbólica, realizada no Santuário Santa Dulce dos Pobres, na região da Cidade Baixa, em Salvador, marcava o início da vacinação contra o coronavírus. Desde então, mais de sete milhões de doses foram aplicadas apenas na capital baiana, pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS).
O público feminino foi o que mais se vacinou, com 57% do público atendido. No índice por raça e cor, pretos e pardos estão à frente, com 65% da população imunizada. Na faixa etária, os jovens entre 18 e 29 anos são a maioria com a 1ª e 2ª doses, com 483 mil e 438 mil vacinados, respectivamente. Já o público entre 40 e 49 anos lidera a procura pela 3a dose, com quase 360 mil imunizados. Já a 4ª dose foi mais procurada pelo público entre 50 e 59, ou seja, 184 mil soteropolitanos.
Uma das primeiras vacinadas, a enfermeira Maria Angélica de Carvalho Sobrinho, de 56 anos, contou, um ano após a primeira dose, que o dia 19 de janeiro de 2021 ficou gravado como “o dia da esperança”. Ela, que atuou na linha de frente de combate à pandemia, no Hospital Couto Maia, afirmou que agora, dois anos depois, o sentimento de gratidão a Deus e à ciência aumenta a cada dia.
“Temos a concretização da importância da vacinação contra as doenças nas nossas vidas. Fico feliz ao ver o aumento do número de pessoas vacinadas sabendo que, mesmo expostas ao vírus, estão mais protegidas e podem retornar ao ritmo de vida e convívio familiar e social”, declarou.
A profissional aproveita para reforçar a necessidade da complementação da imunização. “A população precisa ajuda a ser cuidada, respeitando as normas de segurança em saúde, mantendo os hábitos higiênicos, a lavagem das mãos, uso das máscaras em locais fechados, a fim de tentarmos manter a saúde e evitar uma nova proliferação com outras variantes do coronavírus”, destacou Maria Angélica.
Impacto – O estudante de Educação Física, Diogo Sacramento, de 20 anos, já tomou três doses da vacina e aguarda para tomar a 4ª dose, prevista ainda para este mês de janeiro. “No momento em que estamos, no ambiente em que trabalho, por exemplo, é importante a vacinação. Trabalho com pessoas e, quanto maior o contato, maior o risco de contaminação. Graças a Deus na minha casa só uma tia teve Covid, mas deu tudo certo”, relatou.
O coordenador de Logística, Diógenes Maldonado, de 36 anos, completou o ciclo de quatro doses e já está ansioso por todo e qualquer outro reforço que houver. “A imunização é fundamental. Tive Covid três vezes e a primeira foi a pior. Mas, depois das vacinas, os sintomas foram leves. E digo, valorizem a vida porque a Covid está aí ainda e, sem vacina, acredito que a gente não estaria mais por aqui. Tem que se vacinar”, alertou.
Esforço – A diretora de Vigilância à Saúde do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Salvador (Cievs), vinculado à SMS, Andreia Salvador, lembra que tudo começou a partir de novembro de 2020, com a possibilidade da chegada da vacina. “Com isso, a Prefeitura começou a se estruturar, pensando em novos geradores, espaço físico da diretoria, que neste momento já não iria comportar o volume de vacinas e a necessidade especial, porque chegariam vacinas com necessidade de congelamento, que seria -80ºC”.
Então, novos freezeres foram adquiridos ou remanejados, espaços físicos foram redimensionados, para que a Prefeitura tivesse uma estrutura adequada para implementar as ações. “As complementações começaram a ser feitas para que tivéssemos reforço da equipe, visto que as vacinas começaram a chegar em horários atípicos, por exemplo 3h, 4h da manhã, então precisávamos de uma equipe robusta, para ter um giro de profissionais e dar descanso merecido a todos”.
Ela lembra que, desde janeiro de 2021 o município fez uma imersão voltada para imunizar uma população de aproximadamente três milhões de pessoas. A princípio, as vacinas chegaram com volume ainda aquém da necessidade, então estratégias foram pensadas com a seleção dos grupos prioritários.
“Tivemos confusões, grupos preteridos, todos procurando a vacina e as equipes diuturnamente trabalhando. Montamos as estratégias como o Corujão, drives espalhados pela cidade inteira, chegamos a ter 24 pontos nessa modalidade no ápice. Mas nem tudo foi trabalho. Tivemos união do grupo, foi um conjunto”, relata Andreia.
A gestora lembra ainda que recordes foram batidos, cards foram divulgados pela SMS e, além disso, foram criados o Filômetro, que informava a situação das filas nos postos, e o Vacinômetro, reunindo informações sobre o número e perfil de pessoas vacinadas, com o objetivo de oferecer um serviço de excelência. A estratégia envolveu ainda serviços como o Vacina Express, de imunização domiciliar para idosos e/ou com dificuldade de locomoção, além do Cartão de Vacinação Digital, que informa o status de imunização contra Covid-19 de cada indivíduo e que pode ser acessado pelo site ou aplicativo.
“Salvador foi referência na vacinação e isso só foi possível graças ao trabalho em massa realizado, que envolveu desde o prefeito até os trabalhadores que transportavam as vacinas. A gente tem um grande carinho por essa vacinação e tenho certeza que a Saúde vê como uma forma positiva esse processo todo. Colhemos bons frutos desse processo de vacinação”, finalizou Andrea Salvador.
Fotos: Bruno Concha/Secom