Neste sábado (6) se completam 45 anos desde o início da famosa Guerra do Yom Kipur, em 1973, na qual Israel lutou contra Egito e Síria.
Com duração de 20 dias, os conflitos começaram desfavoráveis a Israel, pega de surpresa durante o feriado do Yom Kipur, data mais sagrada em que os judeus se reúnem nas sinagogas, mas depois o país recuperou terreno, até instituições internacionais pedirem negociações para o fim dos combate
Mas, graças a uma figura que se tornou referência para israelenses e egípcios, Israel não teria sido tão surpreendida assim com o ataque egípcio, auxiliado pela Síria, ao país. Na manhã daquele dia 6 de outubro, o então chefe do Mossad, Zvi Zamir, alertou o comando do Exército e o da Inteligência Militar de que um ataque egípcio era iminente, sugerindo um plano para impedi-lo.
A equipe de Zamir fora alertada por Ashraf Marwan, genro do ex-presidente egípcio Gamal Abdel Nasser (1956-1970), que fez uma função de agente duplo. Seu objetivo era evitar maior número de mortes e possibilitar um futuro acordo de paz entre os países.
A atividade de Marwan foi descrita no filme “O Anjo do Mossad”, da Netflix, em que ele aparece como um homem obstinado e supera desconfianças, tendo antecipado à Inteligência israelense duas invasões que não ocorreram (por outros motivos). Por sua atuação, após a guerra, o filme afirma que Marwan, que morreu em 2007, aos 63 anos, acaba se tornando uma figura heroica em Israel e no Egito.
Mas até o desfecho, Marwan vive momentos de tensão e perseguição permanente. É visado e ameaçado também por membros do governo de Nasser, morto em 1970, que estavam presos e sabiam das intenções do espião de informar Israel. Por fingir ter uma amante, a fim de disfarçar um encontro em um hotel, ele acaba tendo de se separar de sua esposa, que vai morar na Suíça, também por motivos de segurança.
Depois de muita insistência, Marwan consegue convencer o presidente Anwar al-Sadat de dar início à guerra, contando que Israel iria ser informada da situação. Com isso, ele buscou evitar um conflito ainda mais sangrento, apostando em um rápido desfecho para algo que ele considerava inevitável: a guerra naquele momento em que os países árabes estavam pressionados a tentar uma retaliação contra Israel, após a derrota na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Segundo o Ynetnews, o site do Arquivo do Estado israelense publicou, no início deste mês de setembor, o telegrama que o ex-chefe do Mossad enviou ao então secretário militar Yisrael Lior, do gabinete da primeira-ministra Golda Meir, advertindo que haveria um ataque conjunto contra Israel.
Não se sabe ao certo a maneira com que a informação foi trabalhada internamente. Em seu depoimento perante à Comissão Agranat, que foi implementada pelo governo para investigar suposta falha na prevenção de um ataque, o ex-Chefe do Estado Maior, Yigal Yadin, pediu a ajuda ao assistente do chefe do Mossad, Alfred (Freddie) Eini, perguntando por que o Mossad não passou no telegrama urgente ao secretário-militar de Golda Meir.
Eini admitiu que a Inteligência militar recebeu a informação e respondeu que seguiu alguns trâmites estabelecidos.
“Há um conjunto de procedimentos que lidam com as informações que recebemos. Eu tenho que transferir para o primeiro-ministro, mas posso levar algumas horas.”
De qualquer maneira, o Exército israelense agiu com prontidão, concentrando muitas tropas em poucas horas. E a guerra, sempre cruel, trouxe dois frutos para o futuro. Um deles foi a iniciativa dos países de buscarem fontes de energia alternativas, após a Crise do Petróleo, iniciada pelos países árabes, paralisando o fornecimento dos combustíveis, em represália a países que apoiaram Israel, principalmente os Estados Unidos.
A outra consequência foi para a própria região. Anos depois, Sadat visitou Israel, preparando ambos os países para a assinatura de um inédito acordo de paz, que ocorreu em 1979, em Camp David, Estados Unidos, e dura até hoje.
R7