Na noite de terça-feira (21), um homem matou a própria filha em Belford Roxo, Baixada Fluminense. Dário de Oliveira e Silva assassinou Dayanne Mariano de Azevedo e Silva, de 13 anos, com um tiro na cabeça e depois teria se enforcado. Segundo o delegado Willians Batista da DHBF (Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense), o homem era agente penitenciário aposentado e tinha se divorciado há cerca de três meses da ex-mulher, mãe da adolescente assassinada.
De acordo com informações do delegado, a mãe teria registrado queixa contra o ex-marido há dois dias por ameaças. Ela disse que durante os 16 anoss que eles estiveram juntos ele teria comportamento agressivo.
Chamada de Felícia por uma amiga que lamentou a sua morte em uma rede social, Dayanne iria completar 14 anos hoje. A polícia suspeita que o crime tenha sido premeditado pelo pai, que haveria dito à ex que ela “nunca mais iria comemorar aniversário”. A arma utilizada na execução do crime pelo homem foi apreendida pela polícia, que investiga se ele teria porte de arma e se ela seria registrada.
Os corpos foram encontrados por volta das 22h pela mãe da menina em sua casa. A polícia informou que o crime deve ter ocorrido por volta das 19h. De acordo com o delegado, a jovem vivia com a mãe, no entanto, o pai teria livre acesso à casa, já que teria ajudado a construí-la. Perguntado pelo R7 se o homem teria alguma ordem de restrição de aproximação da mãe, o delegado informou que não haveria outro registro por parte da mulher anterior à denúncia feita há dois dias.
Paula Lacerda, professora do Laboratório Integrado em Diversidade Sexual e de Gênero, Políticas e Direitos da Uerj, afirmou em uma entrevista concedida ao R7 sobre um caso semelhante em que um pai matou os filhos em Jacarepaguá, que perseguições como essa ainda são difíceis de serem contabilizadas e analisadas. De acordo com ela, esse é um tipo de violência contra a mulher que assume formas complexas de retaliação e agressão. Na ocasião, ela destacou que casos como esses não podem ser vistos apenas como uma fatalidade. Segundo a pesquisadora, a intenção é de agredir a mãe, pessoa que recai a maior cobrança social pela segurança dos filhos.
— Em uma sociedade em que a responsabilidade dos filhos recai em grande medida sobre as mulheres, a violência de um pai contra os próprios filhos para atingir a mãe das crianças, sua esposa ou ex-esposa, é uma consequência grave e cruel — comenta Lacerda.
R7