“A hora é hora de corrigirmos rumos para que o lavajatismo não perdure, mas a correção de rumos não significa redução do empenho no combate à corrupção. Contrariamente a isso, o que temos na Casa, é um pensamento de buscar fortalecer a investigação científica e visando respeitar direitos e garantias fundamentais […] no universo da Constituição”, argumentou.
Aras criticou ainda o conceito do lavajatismo e pregou o retorno ao combate da corrupção como se fazia antigamente.
“O etmo, segundo o qual, o ‘ismo’ significa alguma hipertrofia, um desvio. Então, o lavajatismo já revela que alguma coisa não vai bem nessa figura. E esse conceito lavajatismo há de ser superado pelo natural, bom e antigo enfrentamento à corrupção”, disse.
Aras retomou a polêmica sobre o pedido de demissão, em junho, de três procuradores da Lava Jato que atuavam na PGR (Procuradoria-Geral da República). O chefe do MPF disse que “tinha mais procurador que era necessário” da Lava Jato em Brasília. “Hoje temos tanta sobra que a Força-tarefa de Curitiba consome mais recursos financeiros que mais de 20 unidades da federação”, decretou.
O procurador-geral, porém, reconheceu os ganhos que a operação trouxe para o combate à criminalidade e à corrupção no Brasil. “A questão do chavão ‘Lava Jato’, que fez um papel relevante da exposição de um novo modo, à época, de fazer investigações, com sua metodologia e sistema, deu lugar a essa hipertrofia, a esse desvio. O que gostaríamos não é de pensar no que de desviante pode ter ocorrido, mas de corrigir rumos”, disse.
Aras pediu ainda uma gestão “de agora para frente” do Ministério Público, a fim de acertar arestas que ocorreram no passado. “Espero que o enfrentamento à macro criminalidade, especialmente naquela corrupção que envolve grandes capitais, continue a se fazer no mesmo modo que vinha se fazendo, mas no universo dos limites da Constituição e das leis”, afirmou.
E resposta a uma pergunta do advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defendeu clientes na Lava Jato, o procurador-geral levantou ainda a hipótese de agrupar, sob um mesmo guarda-chuvas, as forças-tarefa espalhadas pelo país.
“A experiência das forças-tarefas está bastante conhecida. Teve suas vantagens, não se duvida disso, e, como tudo o que ganha o “ismo” ao final e vira lavajatismo, termina por apresentar algumas dificuldades. Dessa forma, a tentativa dos colegas de centralizar aas investigações de todas as forças-tarefa sob o mesmo guarda-chuva. É uma tentativa que eu reputo relevante para otimizar recursos administrativos, financeiros e evitar o aparelhamento das forças-tarefas, como resultado previsível do empoderamento”, argumentou.
Em seguida, Aras disparou contra alguns feudos que existe no Ministério Público Federal. “Não podemos aceitar mais, na nossa gestão, que haja grupos que tenham processos sigilosos, encobertos por uma fatia do nosso sistema, que só descobrimos há menos de 15 dias. […] Não podemos aceitar que tenhamos processos escondidos da Corregedoria, não podemos aceitar que tenhamos 50 mil documentos invisíveis à Corregedoria e que só agora foram descobertos. […] A Corregedoria vai apurar os responsáveis por isso”, prometeu.
R7