Na manhã do dia 8 de abril, Eduarda Lopes, de 12 anos, viu sua mãe, Valdilene da Silva, ser atingida por uma bala perdida na comunidade de Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro.
Valdilene foi uma das muitas vítimas da violência crescente que atinge a capital carioca.
Enquanto caía em uma poça de sangue, a mãe ainda usou as últimas forças para dizer à filha para correr e se esconder. Mas, apesar do medo de ser morta, Eduarda ficou ali junto com a mãe.
“Eu esperei com ela até o momento final, do lado dela”, contou a menina enquanto as lágrimas caíam pelo seu rosto. “Eu não conseguia aguentar”, falou sobre quando precisou olhar para o cadáver da mãe mais tarde naquele mesmo dia. “Eu vi ela deitada lá, parecia uma boneca, dormindo. A única coisa que eu consegui levar comigo foram os brincos que ela estava usando”.
O estado do Rio de Janeiro registrou mais de 4.500 homicídios nos oito primeiros meses de 2018, 6% a mais que o mesmo período do ano passado.
Segundo dados oficiais, mais de mil pessoas morreram em confrontos com a polícia, entre janeiro e agosto, no estado. Um aumento de mais de 50% em relação a 2017.
As autoridades dizem que os mortos são, em sua maioria, suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas, mas críticos alegam que pessoas inocentes também são vitimadas.
Em março de 2017, Maria Eduarda Alves, de 13 anos, estava na quadra da escola onde estudava, na comunidade da Pedreira, zona norte do Rio, quando começou um tiroteio.
Enquanto os professores tentavam levar os estudantes de volta para a sala de aula, a menina foi atingida por um tiro fatal.
Mais tarde, dois policiais seriam responsabilizados pela morte da menina. Um vídeo gravado com o celular próximo à escola e divulgado nas redes sociais, também mostrou o momento em que os policiais executaram dois supostos traficantes feridos durante o tiroteio.
“Eu ainda não estou bem. Eu ainda sinto… muita tristeza”, diz a mãe, Rosilene Alves enquanto aponta para o buraco de bala que perfurou a parede da escola e matou sua filha. “A vida continua, mas não é fácil”.
A policial Alda Rafael Castilho, de 27 anos, foi morta quando assaltantes atacaram a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Vila Cruzeiro, onde trabalhava, no complexo de favelas da Penha, na zona norte, em 2014.
“Isso não tem fim”, diz a mãe, Maria Rosalina Rafael da Silva, de 65 anos. “Jovens morrendo, famílias sendo destruídas. Eu posso dizer que eu fui destruída”
R7