Após pesquisadores comprovarem que é possível corrigir falhas no DNA de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e, dessa forma, impedir a transmissão de doenças genéticas hereditárias, surge a discussão dos limites éticos de tais procedimentos. Especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo afirmam que a nova técnica levanta preocupações éticas e que sua aplicação clínica necessitará de muitos estudos. A presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, Regina Parizi, destaca que esse tipo de método deve ser usado exclusivamente para corrigir problemas de saúde. “Há um temor relacionado ao seu uso em intervenções de melhoramento genético humano. Esse tipo de manipulação ainda está no campo da ficção, mas é preciso ter atenção, porque as consequências seriam muito sérias – agregar à desigualdade socioeconômica uma desigualdade biológica seria uma tragédia. Estudos exaustivos têm de ser feitos para cercar essas técnicas da máxima segurança possível”. Angela Saito, do Laboratório Nacional de Biociências, que utiliza a técnica, conhecida como Crisper em camundongos, diz que há risco de que a técnica produza mutações indesejadas. “É um trabalho bem feito, com tecnologias avançadas, mas a aplicação para a correção de embriões humanos está distante. Na prática, o controle do processo é difícil e há risco de que a técnica produza mutações indesejadas”. O pesquisador Daniel Brison, da Universidade de Manchester, do Reino Unido, ressalta que a tecnologia ainda não é totalmente eficaz. “Embora seja um avanço considerável, é preciso destacar que a tecnologia não foi 100% eficiente.” Nesse tipo de doença, o porcentual de embriões naturalmente saudáveis gerados pela fertilização é de 50% e o procedimento aumentou a taxa para 74%.
Bahia Notícias