Na primeira previsão para a balança comercial de 2018, divulgada hoje (14) no Rio de Janeiro, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) estimou que as exportações alcançarão US$ 218,966 bilhões, alta de 1,1% em comparação aos US$ 216,462 bilhões esperados este ano. As importações ficarão em US$ 168,625 bilhões, mostrando aumento de 11,7% sobre os US$ 150,995 bilhões projetados para 2017. O saldo, contudo, será negativo em 23,1%, com total de US$ 50,341 bilhões no próximo ano, valor inferior aos US$ 65,467 bilhões previstos para 2017.
Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da AEB, José Augusto de Castro, analisou que 2017 foi um ponto fora da curva. “Porque ano que vem, nós temos a expectativa de que, com a retomada do crescimento econômico interno, vai haver maior demanda por produtos importados. E as exportações crescerão somente 1,1%”. Castro lembrou que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já anunciou que haverá uma quebra na safra de soja e de milho, itens que têm um peso grande na pauta de vendas para outros países.
Na exportação de produtos básicos em 2018, a previsão é de queda de 1,5%, “independente do que vier a acontecer por aí em termos de preço”. Não há previsão, pelo menos por enquanto, de que ocorrerá explosão de preços. “O que nós temos certeza é de quebra de safra”. Castro também afirmou que há previsão de um crescimento marginalizado na exportação de alguns itens.
Já os produtos manufaturados projetam expansão de 4,3%, em função da Argentina, cujo Produto Interno Bruto (soma de bens e serviços fabricados no país) tem alta prevista de 4% em 2018, o que vai demandar mais produtos importados e favorece o Brasil.
Mesmo com a queda da safra, soja continuará na liderança dos produtos exportados pelo Brasil no próximo ano, seguido de minério de ferro e petróleo, indicou a AEB.
Impacto das oscilações
José Augusto de Castro disse que o quadro político e econômico interno vai afetar a balança comercial. “Nós vamos ter muitos altos e baixos durante o ano e o câmbio vai oscilar bastante”. Como o exportador não gosta de oscilações, isso deve prejudicar o comércio exterior, porque as empresas tenderão a adotar uma taxa de câmbio de segurança, que é menor do que a efetivamente praticada, para não ter surpresas no futuro, informou.
Castro afirmou ainda que a contribuição do PIB para o comércio exterior em 2018 será negativa, ao contrário de 2017, que será positiva, devido à retomada da atividade econômica interna, que demanda mais importações e pode até desestimular em parte as exportações. Castro avaliou que diante da retomada da economia, muitas empresas que estavam exportando pequenas quantidades podem priorizar atender o mercado interno e deixar o externo. Por outro lado, quem estava com a importação paralisada vai aumentar as compras externas para atender à demanda do mercado doméstico.
Para isso contribuem o aumento do consumo das famílias, a queda do desemprego e a redução do índice de inadimplência. “Todos esses aspectos favorecem o aumento das importações”, assinalou o presidente da AEB.
Na última revisão da balança comercial de 2017, feita em 18 de julho passado, a AEB estimou exportações da ordem de US$ 209,017 bilhões, importações de US$ 145,795 bilhões e superávit de US$ 63,222 bilhões.
Agência Brasil